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Espaços coletivos de BH fortalecem empreendedorismo local promovem eventos abertos ao público


Escrito por Abril BrandedContent

A capital mineira passa por um momento singular em sua história. Subvertendo a lógica de mercado, que prega a competição, a cidade tem visto surgir cada vez mais espaços coletivos, em que diferentes empresas se organizam em hubs (espécies de centros) criativos e estabelecem novos modelos de negócios e formatos de interação. Ainda por cima, grande parte desses espaços sedia eventos abertos ao público, trazendo para a comunidade uma nova forma de se relacionar com as empresas e os espaços de negócios da cidade.

Diversas casas coletivas espalhadas por Belo Horizonte têm como missão promover o crescimento conjunto de pequenos negócios e proporcionar aos empreendedores mais qualidade na rotina de trabalho. É a realidade da Casa Jardina. Localizado no bairro São Pedro, zona Sul da capital, o amplo e belo imóvel, que possui um quintal arborizado, é compartilhado por nove empresas, todas comandadas por mulheres. Os negócios são variados: arquitetura, engenharia, design, fotografia, cenografia e marketing são alguns deles. Para Sarah Dapieve, proprietária da Miscelânea Arquitetura, uma das ocupantes do espaço, os benefícios de estar em um ambiente assim vão desde a aula semanal de yoga realizada na casa, até o fortalecimento mútuo dos negócios por meio de indicações. Para os clientes, há a imensa comodidade de encontrar, no mesmo espaço, prestadores de serviços de diferentes naturezas. Além disso, é possível montar equipes de trabalho interdisciplinares personalizadas com membros de mais de uma das empresas ocupantes da Casa Jardina, o que traz muito mais potencial para os projetos desenvolvidos no hub.

Na Ilha Major, também no bairro São Pedro, acontece algo semelhante. Após a reforma, a casa adquiriu ares de vila e hoje é espaço de trabalho de seis empresas: uma produtora de vídeo, um ateliê de peças de concreto pigmentado, um estúdio de áudio, uma agência de comunicação digital, uma produtora de conteúdo e uma seguradora.

Além de anfiteatro para 60 pessoas, o espaço é dotado de áreas comuns ao ar livre, incluindo um charmoso rooftop. A proprietária e gestora do espaço, Isadora Viotti, de 30 anos, define a criatividade como ponto em comum para a formação da comunidade de empresas que compõem o espaço. E o imóvel não é utilizado apenas pelas empresas lá sediadas. O quintal e o anfiteatro são, com frequência, ocupados por oficinas, workshops, feiras e shows.

O projeto Vozes na Ilha leva até a vila músicos mineiros que se apresentam no privilegiado espaço do anfiteatro. Os shows são realizados às quintas e sextas-feiras, com couvert artístico de R$ 15. Na recepção da casa, fotos e obras de arte compõem uma minigaleria — um colírio para os olhos cansados do concreto da cidade. Na garagem, dois murais grafitados fazem a integração do bucólico quintal com a arte urbana.

Cooperação além dos muros

A cultura de cooperação compartilhada pelas casas coletivas muitas vezes ultrapassa seus muros e jardins. Na Amadoria, localizada no bairro Floresta, zona Leste da cidade, o negócio é a promoção do protagonismo em rede. As proprietárias Bárbara Andrade, Luciana Gallo e Mariza Machado mantêm como compromisso o estabelecimento de redes de iniciativas baseadas na colaboração.

A proposta teve início em fevereiro de 2016, em uma casa no bairro de Santa Tereza, também na zona Leste da capital mineira. Logo ela ficou pequena para tantas atividades. Também, pudera! A casa parece estar em constante ebulição! O espaço sedia mostras artísticas, shows, aulas de culinária, confraria de vinhos, sessões de tatuagem — tudo aberto ao público. Por isso, desde junho de 2017, a Amadoria passou a ocupar um espaço mais amplo no atual endereço.

Além do coworking, onde trabalham diariamente seis pessoas de diferentes empreendimentos, a casa abriga o Buena Onda, um estúdio de áudio e vídeo, oferece espaços para a realização de workshops e reuniões e abre o quintal para eventos mensais, como o Quintal Jazz e o Amadoria Gastrô, uma feira gastronômica regada a música ao vivo. A equipe também realiza cursos e treinamentos para empresas de todos os portes e promove a Mercadoria, feira quadrimestral que reúne dezenas de parceiros dos ramos de arte, moda e gastronomia, em diferentes espaços da cidade.

“A Amadoria não é só a casa, ela também tem a casa. Nosso desafio é estar cada vez mais em outros lugares, sejam eles espaços públicos ou empresas, promovendo iniciativas que proporcionem o desenvolvimento do ser humano”, explica a sócia Mariza. A programação intensa do hub está sempre atualizada no Facebook.

Mas nem só nas casas a economia criativa acontece em Belo Horizonte. A Mooca é uma loja colaborativa localizada na Savassi, na região Centro-Sul da capital. Fundada por Fabiana Soares e Marina Montenegro em 2015, a loja funciona como aceleradora de produtores locais. Desde a criação, 249 produtores passaram pela iniciativa, que, a cada cinco  meses, abre chamada para a seleção de até 70 marcas.

Nos processos de mentoria realizados com as empresas de cada temporada, os produtores são colocados em conexão para o desenvolvimento conjunto de projetos, indicação mútua de fornecedores e realização de compras coletivas de materiais, de maneira que tenham mais poder de negociação.

Na loja, que fica na praça Diogo de Vasconcelos, no coração da Savassi, os clientes encontram o melhor da produção criativa local. Todas as marcas têm uma produção artesanal das peças e um número limitado de cada item. As matérias-primas são selecionadas cuidadosamente, e cada passo do processo de produção passa pelas mãos dos próprios empreendedores.

Os produtos vão de artigos de decoração a roupas e acessórios. Hoje, 65 marcas locais são aceleradas pela Mooca. Além de marcas já existentes na cidade, 38 novas empresas foram criadas com a aceleração. “Na economia colaborativa, os produtores entendem que a união é um processo de ganha-ganha, no qual, juntos, todos são mais fortes”, finaliza Fabiana.

Quem conhece e participa desses projetos como cliente, visitante ou oficineiro também sai ganhando. Quem tem talento para empreender pode se inspirar nos métodos desses espaços. Quem não tem, leva vantagem de outras maneiras. Frequentar um ambiente onde imperam o senso de comunidade e a criatividade pode redefinir o jeito como você lida com sua rotina em BH. Experimente!

 

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