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Sem rótulos: cena indie transforma a relação com BH


Escrito por Abril BrandedContent

Movimento mantém viva a música autoral, graças ao esforço de quem está na produção, no palco e na plateia

Foto: Luciano Viana. Legenda: André Travassos, da banda M O O N S, é um dos protagonistas da atual cena indie de BH.

A origem do nome “indie” pode até vir de “independente”. Mas, para acontecer, ele conta com a união forte de quem valoriza esse movimento dentro do cenário musical em Belo Horizonte. Para saber como anda a cena indie em BH, o #hellocidades, projeto da Motorola que incentiva uma nova relação entre as pessoas e as cidades, conversou com quem frequenta, apoia e faz o movimento permanecer forte na capital mineira.

Abertura de novas casas de shows, produção de festivais e, principalmente, muita vontade de estar envolvido com a música autoral — seja no palco ou na plateia. Esses são elementos que garantem a cena independente na capital mineira. “Os festivais indie ajudam bastante a colocar os moradores da cidade em contato com lugares como A Autêntica, Music Hall, A Obra e até praças e ruas”, opina o diretor de criação e blogueiro Kelson Douglas. “Um dos maiores presentes que a população ganhou com a, digamos, popularização do mercado independente, foi voltar a ver a cidade como algo vivo e que gera cultura”, diz.

Esses lugares que dão espaço para o movimento moldam a relação das pessoas com a cidade. Totalmente envolvido no cenário independente da capital mineira, o produtor cultural Marcelo Santiago participa ativamente da produção de shows e festivais há nove anos, e, há cinco, ele abriu a própria produtora, a Quente.

Foto: Pablo Bernardo. Legenda: Marcelo Santiago (à dir.) posa com Claudão Pilha (à esq.), dono d’A Obra, e Lee Ranaldo (centro), ex-guitarrista e vocalista do Sonic Youth.

“A BH que conheço foi toda moldada por minha relação com a música. Sou de Sabará, mas moro em BH há muito tempo. Todos os lugares que comecei a frequentar foi por causa de música: A Obra, Matriz, entre outros pontos da cidade que foram explorados por causa da música, como a Praça do Papa, com eventos gratuitos”, exemplifica. “Isso é muito comum entre a galera. Povo que foi para a Pampulha ver o (festival) Transborda e que não iria conhecer (a região) se não fosse pelos shows”, destaca Marcelo.

Ele cita ainda outras casas que estão fazendo a cena indie de BH se abrir ainda mais. “A Benfeitoria (no Floresta) também faz shows semiacústicos, a Amadoria (no Floresta). Teatros como o Galpão Cine Horto, que antes não abria, agora, sim. O Studio Bar, que ia fechar por um tempo, agora voltou a ter show. São lugares que têm abertura para música autoral”, conta.

Movimento da diversidade

Com tanta opção, a cidade se mistura no movimento independente. Como a cena indie une artistas diferentes, sons variados cativam tudo quanto é gente. “O público é bastante diversificado, felizmente. Isso porque há a mistura de muitas bandas, rap, experimental, folk. Vai periferia, playboy, gente do cinema, jornalista. Mistura as classes, mas a faixa etária é de 30 e poucos para baixo”, revela Marcelo.

A analista de marketing Rita Cardoso, por exemplo, valoriza o cenário autoral e fica de olho na programação. “É um trabalho árduo (das pessoas envolvidas na cena indie), especialmente em uma cidade que tem uma cultura de bandas covers, como Belo Horizonte”, considera.

Rita e o namorado, o músico Luís Couto, que é integrante das bandas Devise e Churrus, fazem questão de acompanhar lançamentos das bandas locais. Por isso, o carinho pela cidade é grande. “Sou completamente apaixonado pela Savassi, porque a maior parte das experiências que vivi com música em BH foram na região. Já assisti o Lee Ranaldo (Sonic Youth) n’A Obra. Lancei disco na Autêntica… Como não ser completamente apegado àqueles quarteirões?”, afirma Luís.

O jornalista Fábio Corrêa credita boa parte da vida social ao envolvimento com a música. “Se eu não tocasse, com certeza sairia bem menos e encontraria menos pessoas. Tento traduzir ao máximo o meu contato com a cidade e imprimir isso no som, nas letras. Assim, a música vira uma espécie de terapia artística”, considera ele, que hoje integra três projetos: Desejo Terrível, Cadelas Magnéticas e Paranave.

Além disso, para Fábio, a cena indie conecta pessoas com visões de mundo parecidas. “Vale incentivar por ser o lugar onde, ao menos musicalmente (e pelo fato de não ter a questão comercial em primeiro plano), surgem manifestações artísticas conectadas com o espírito atual da cidade”, aponta.

O encontro com “diversos atores culturais da cidade” é um destaque para o movimento, na opinião de André Travassos, compositor e músico da banda M O O N S — “escreve assim mesmo”, diz ele. O músico participa e admira a multiplicidade da cena independente. “É uma cena muito diversificada, verdadeira e genuína. Isso, para mim, já é motivo suficiente para incentivarmos e apoiarmos. Além de ser um marco na cultura da cidade”, considera André.

Rompendo barreiras

Para músicos e fãs, vale ainda o incentivo ao crescimento e apoio ao movimento em outras partes da cidade, rompendo as fronteiras do eixo Centro-Sul. “A cena, em sua maioria, ainda é muito concentrada na região. Obviamente, tem uma série de produtores e bandas que têm buscado essa descentralização, mas é um trabalho que requer mais tempo para se consolidar”, opina André.

“Eu acompanho, ainda que distante, com respeito e admiração alguns artistas e manifestações de hip hop que têm tomado uma importância inegável na cidade”, completa o músico.

Foto: Rafael Ram. Legenda: A banda Devise se apresenta na Autêntica, na Savassi.

Fábio Corrêa admite essa necessidade pessoal. “Ainda continuo dentro da bolha e não consegui ampliá-la para lugares como Barreiro, Venda Nova e Região Metropolitana. Esse é um dos desafios — sair fora da comodidade dos mesmos lugares e conhecer novas bandas, novos públicos e casas”, confessa.

Espaço e público para isso não faltam. O blogueiro Kelson Douglas destaca a vantagem das dimensões da capital. “Como aqui é uma cidade grande, com mais de 2 milhões de habitantes, existe gente suficiente para criar um mercado (ainda que pequeno) de interessados em música independente, que não toca nas rádios, TV e nenhum outro canal da tal da grande mídia. Gente em busca de algo um pouco diferente do que é produzido pelo mainstream”, diz.

Para o músico Luís Couto, o potencial da cena indie de BH é enorme, mas o movimento ainda pode avançar. “Temos muita gente competente trabalhando para isso e ótimos artistas em todos os estilos que o termo ‘indie’ pode abranger. Então, o que falta agora é que a cidade perceba um pouco mais o que ‘tá’ rolando”, conclui.

Internet impulsiona

A internet tem seu papel — para o bem e para o mal — na cena indie de BH. Enquanto torna mais difícil tirar as pessoas de casa com tanto entretenimento online — streaming de música, séries e filmes, por exemplo —, é na rede que os artistas independentes ganham grande projeção, conta Marcelo Santiago.

“A Young Lights, banda que eu produzo, chega a 100 mil plays. Djonga é o maior disparado. É um fenômeno, tem milhões de views no YouTube”, conta Marcelo.

Além dos acima listados, veja alguns nomes de artistas indie mencionados pelos entrevistados — que garantem “estar esquecendo de mais alguém”:

Graveola, Sara não tem nome, OTSD, Daparte, Miêta, Kill Moves, El Toro Fuerte, Radiotape, Pequeno Céu, Bernardo Bauer, Leonardo Marques, Frederico Heliodoro, Arthur Melo, KKFOS, Oceania, Lobos de Calla, Roboto, Leões de Marte, Qairo.

E você, já participa da cena indie de BH? Aproveite esse “mundo” de shows e festivais que estão acontecendo, para se reconectar com a cidade. Quando for curtir a música autoral de artistas independentes, aproveite para registrar esse momento nas redes sociais com a hashtag #hellocidades e convide seus amigos a mudar o olhar e se reconectar com BH por meio do hellomoto.com.br.

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