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A Copa por quem estava lá


Escrito por Motorola

O histórico tetracampeonato contado direto da arquibancada

Maior competição de futebol do mundo, a copa foi realizada no Brasil duas vezes ao longo de seus quase 90 anos de história. Como sabemos, as cinco estrelas que adornam o escudo da seleção foram conquistadas bem longe de casa.

Para relembrar um dos títulos mais marcantes do país em mundiais, fomos ao Museu do Futebol e conversamos com uma testemunha ocular do histórico tetracampeonato de 1994, nos Estados Unidos. Com vocês, a copa por quem esteve lá.

O antigo sonho de um torcedor de cancha

Fã de futebol há quase 50 anos, Decio Salles é um desses torcedores que não abrem mão de ver o jogo acontecer dentro de campo. Corintiano, acompanhou o time paulistano em momentos históricos, como a invasão do Maracanã, em 1976, o fim da fila em 77 e o primeiro Mundial de Clubes, em 2000.

Decio no estádio do Pacaembu, local onde acompanhou grandes jogos
Decio no estádio do Pacaembu, local onde acompanhou grandes jogos

Frequentador assíduo do Pacaembu em uma época de grandes craques da bola, Decio deixava a paixão pelo Corinthians em stand by para acompanhar os melhores times da época em partidas contra rivais paulistas.

O sonho de ir à copa já existia e quase se realizou quando ele era um estudante de direito. Por pouco sua estréia em mundiais não se deu para acompanhar um dos melhores times do Brasil que já se viu, a seleção de Telê Santana em 1982.

Com nomes como Sócrates, Zico e Falcão, o supertime que jogou a copa na Espanha é lembrado por ter encantado o mundo e perder a taça. O destino havia guardado um desfecho melhor para o sonho do jovem Decio.

Decio acompanha jogo da copa com o Moto Power Pack & TV Digital
Decio acompanha jogo da copa com o Moto Power Pack & TV Digital

Um longo caminho até Los Angeles

O trajeto do Brasil até a copa dos Estados Unidos foi permeado por incertezas. Depois de ameaçar não se classificar para a competição e ser salvo pelos gols de Romário, a seleção desembarcou na Califórnia com o peso de não ser campeã há 24 anos.

Decio mostra camisa que o acompanhou em 94
Decio mostra camisa que o acompanhou em 94

Decidido a acompanhar o bom momento do time, Decio já havia se programado para viajar e assistir a todos os jogos quando recuou. Achou mais justo compartilhar o momento com a família – foram todos à Disney. Levou na mala uma promessa: se o Brasil passasse das quartas de final, viajaria à Los Angeles para assistir aos jogos decisivos da copa. Dito e feito.

Nas quartas, contra a forte Holanda, um chute espetacular do lateral-esquerdo Branco confirmou a seleção na semifinal. Dois dias depois, Decio deixava a família rumo à LA para acompanhar o Brasil – sem ingressos e sem saber se seu plano daria certo.

A copa no país da bola oval

Ao chegar na principal cidade da costa oeste americana, Decio se deparou com um forte policiamento direcionado à torcida do Brasil. A polícia local, que esperava uma leva de torcedores baderneiros, acabou se encantando com o lado festivo dos brasileiros. Mas a marcação era cerrada.

Após conseguir o ingresso para a semifinal, Decio chegou cedo ao Rose Bowl, estádio de futebol americano adaptado que foi palco dos últimos jogos da copa de 94.

Relembrando momentos históricos no salão das copas, no Museu do Futebol
Relembrando momentos históricos no salão das copas, no Museu do Futebol

Em uma de suas histórias mais interessantes, ele conta que armou um “racha” entre brasileiros e suecos, adversário da partida que aconteceria logo depois, em uma espécie de pré-jogo. Tudo correu bem até uma entrada mais forte chamar a atenção de um policial, que confiscou a pelota e encerrou a pelada temendo uma confusão.

Os americanos ainda não entendiam realmente o esporte. Em uma entrevista concedida a um jornal local durante a competição, Decio relatou que o Brasil parava em dia de jogo, o que surpreendeu o jornalista. Ele não entendia o poder que uma bola jogada com os pés poderia ter.

O estádio adaptado Rose Bowl e um jovem Decio comemorando o tetra
O estádio adaptado Rose Bowl e um jovem Decio comemorando o tetra

O dia em que o Brasil ganhou sua 4ª estrela

Diferente da partida anterior, dessa vez, Decio saiu do hotel sem bilhete. Se dirigiu ao Rose Bowl com a camisa do Brasil e a coragem debaixo de um sol de 44º graus.

A 1h30 do apito inicial, no meio do trânsito, uma limusine parou ao seu lado. O vidro do passageiro desceu e lá de dentro um brasileiro questionou se ele estava à procura de ingresso. Incrédulo, Decio analisou o ticket e atestou sua legitimidade.

De dentro do carrão, o estranho explicou a origem dos bilhetes: eram de torcedores alemães que esperavam sua seleção na final, o que não aconteceu. Com a entrada garantida só faltava uma coisa para coroar o dia: o Brasil ser campeão.

É tetra! É tetra!

A hora que o Baggio chutou o pênalti pra fora, que nós gritamos é tetra, me deu um arrepio, eu comecei a chorar… Foi uma sensação incomparável. Pra mim, foi o maior momento da minha vida no futebol. Ver o seu país ser campeão, longe da sua família, longe de todo mundo, foi assim… Um momento mágico. Tenho lembrança disso no coração até hoje”.

Com essas palavras, Decio encerrou seu maravilhoso relato depois de um passeio no Museu de Futebol cheio de recordações e boas histórias. Se depender de amantes da bola como ele, a copa continuará a motivar gestos de torcedores apaixonados mundo afora.

Patrocinado pela Motorola, o Museu do Futebol tem toda uma programação especial para a copa. Além de uma instalação que conta com fotos e vídeo inéditos do primeiro título do Brasil, em 1958, ainda há um telão com arquibancada exibindo todas as partidas.

Também é possível visitar o Museu do Futebol na Área no Rio de Janeiro. A exposição itinerante acontece até o dia 30 de julho. Para mais informações, acesse o site.

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