Conheça algumas iniciativas que utilizam a tecnologia para transformar a capital pernambucana
Quem vê Black Mirror pode se assustar com a possibilidade de um futuro distópico, no qual o desenvolvimento tecnológico parece ser a causa de todos os males do planeta. Mas, na capital pernambucana, a tecnologia está longe de ser vista como uma grande vilã.
Nós do Hello Moto conversamos com algumas pessoas do Recife que possuem uma visão bastante otimista do uso da tecnologia e nos apresentaram algumas iniciativas, projetos e startups que envolvem jovens na busca por melhorias no ambiente onde vivem.
L.O.U.Co, Laboratório de Objetos Urbanos Conectados
Que o Porto Digital promove revoluções muitas pessoas já sabem. Agora, já imaginou ter um laboratório com impressoras 3D, uma cortadora a laser, um scanner 3D, uma fresadora de precisão, uma impressora de circuitos elétricos e outros equipamentos totalmente a seu dispor para o desenvolvimento de projetos de forma livre?
Pois no Recife esse lugar existe. É o Laboratório de Objetos Urbanos Conectados (L.O.U.Co), makerspace do Porto Digital aberto à sociedade para a criação e desenvolvimento de soluções que melhorem a vida das pessoas nas cidades.
Leonardo Lima, coordenador do laboratório, explica como o espaço funciona: “O L.O.U.Co surgiu da inquietação do Porto Digital com relação ao fomento de soluções inovadoras. O laboratório foi pensado seguindo a tendência do movimento maker, um movimento mundial que estimula as pessoas a tomarem os problemas para si e criar soluções, que podem ser convertidas em negócios”.
Um exemplo de iniciativa que o laboratório ajudou a fomentar surgiu no workshop de férias de 2017 do L.O.UCo, desenvolvido por jovens da escola pública que fazem parte da Ilha de Deus, comunidade que enfrenta uma série de desafios por ser uma ilha pequena no meio do mangue.
Com ajuda dos mentores do workshop, os jovens desenvolveram uma fossa biogestora para lidar com o excesso de esgoto da ilha. Essa fossa ainda colaboraria com outros projetos, alimentando com gás metano um forno que integrava um triturador de cascas de marisco e sururu, que após trituradas poderiam ser aquecidas para virar cal.
“Dessa forma, a partir de uma integração de perfis diversos, foi possível instigar os jovens a pensarem sobre problemas cotidianos de muitas cidades do Brasil, e através do uso das ferramentas de prototipação digital tornar essas ideias tangíveis, testadas pela comunidade”, explica Leonardo.
Outras iniciativas
Para além do laboratório, outras iniciativas ligadas ao Porto Digital também merecem destaque. É o caso da Salvus, que foi eleita como uma das 100 melhores startups pelo movimento 100 Open Startups. O grupo encabeçado pelo CEO Maristone Gomes desenvolveu um aparelho que faz o controle dos níveis de oxigênio utilizado em oxigenioterapia em hospitais.
Com um sistema desenvolvido por eles, o Salvus Home Care, a família, o paciente e a equipe médica conseguem fazer o monitoramento do medicamento acessando através do computador ou smartphones os dados que são digitalizados pelo aparelho e enviados para a nuvem, evitando que o oxigênio acabe de forma inesperada.
Também com o apoio do Porto Digital, a startup Mete a Colher é outro exemplo de iniciativa desenvolvida por um grupo de jovens mulheres que se juntaram para combater os relacionamentos abusivos e a violência doméstica.
Durante a Startup Weekend Women Recife em 2016 elas desenvolveram o aplicativo que funciona de forma colaborativa, recebendo denúncias de violência e conectando quem precisa de ajuda com as mulheres que querem ajudar através da geolocalização. O app está disponível gratuitamente na Google Play Store, aqui.
Longe do futuro distópico alertado por Black Mirror, esses são apenas alguns exemplos de como a tecnologia pode ser uma ferramenta de transformação social quando utilizada de forma consciente, visão também corroborada por Leonardo Lima do L.O.U.Co:
“Eu acredito que estamos na borda de um mundo onde todos os seres humanos terão acesso a condições básicas de vida, alimentação, saúde, moradia, comunicação, cultura, educação. Acredito que a única coisa que nos impedem não são as tecnologias, mas as velhas mentalidades que se perpetuam na ignorância”.