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Moda carioca: cenografia com bossa


Escrito por Motorola

Como diretores de arte e cenógrafos têm imprimido uma identidade carioca — e tecnológica — em seus trabalhos de moda

A moda carioca tem vivido um período de grande renovação. Prova disso é o surgimento de novas marcas que têm chacoalhado as redes sociais e os circuitos fashionistas Brasil afora. Tudo isso é fruto de um trabalho que envolve não só os estilistas, mas uma equipe composta por bons stylists, modelos, fotógrafos, beauty artists e diretores criativos.

Estes últimos são responsáveis por recriar cenários dignos de filme em editoriais de moda muito bem elaborados. Nomes como José Camarano, Raphael Tepedino e Julliana Araújo materializam ideias através de tecidos, cores, objetos e locações escolhidos para que o resultado final seja único.

O Hello Moto, dentro do projeto #HelloCidades, conversou com eles sobre concepção visual, tecnologia e a influência do Rio de Janeiro em suas criações.

Campanha da Salinas com direção de arte de Raphael Tepedino. Foto: Divulgação
Campanha da Salinas com direção de arte de Raphael Tepedino. Foto: Divulgação

Imponência natural

Raphael Tepedino estudou cinema na faculdade, chegou a fazer direção de arte de alguns curta-metragens, mas acabou trabalhando com marketing e branding. Essa foi a porta de entrada para que ele se envolvesse em campanhas de moda. “Eu queria poder praticar mais e me juntei à minha musa inspiradora, Fernanda Rebello, na direção das campanhas da Haight e da Virzi de Luca, em 2015, que até hoje são meus clientes parceiros. Acho que a melhor forma de começar a fazer qualquer coisa é se juntando com alguém que você adora; aprender, acertar e errar junto”, conta.

Da esq. para a dir., campanha da TM e campanha da Wai Wai, ambas com direção de arte de Raphael Tepedino. Fotos: Divulgação
Da esq. para a dir., campanha da TM e campanha da Wai Wai, ambas com direção de arte de Raphael Tepedino. Fotos: Divulgação

A vasta riqueza natural do Rio de Janeiro sempre foi sua maior inspiração na hora de criar, mas atualmente ele também tem um olhar que recai sobre a paisagem urbana. “Antigamente me impactava mais pela imponência da natureza, pelo mar, floresta e luz. Isso continua, mas  hoje sinto enormemente o impacto das contradições sociais e geográficas que precisam ser resolvidas”.

A explosão de cores vibrantes também chama atenção em seu trabalho, casando bem com a exuberância atribuída à cidade maravilhosa.

A tecnologia entra como parte do processo criativo e também na divulgação. “Teve uma época em que usei muita projeção. E no geral, monto os desenhos técnicos dos projetos digitalmente. Me comunico com clientes e fornecedores por e-mail e Whatsapp. Tiro foto de tudo antes e durante, muitas fotos! Guardo todas as informações sobre os projetos no celular e revisito esses dados o tempo inteiro”, revela.

Campanha da Haight assinada por Raphael Tepedino. Foto: Divulgação
Campanha da Haight assinada por Raphael Tepedino. Foto: Divulgação

Da gema

Stylist, produtor e diretor de arte, José Camarano é figura conhecida no universo da noite e da cultura carioca. O mineiro chegou na cidade aos 17 anos, e foi lá que consolidou sua carreira. Durante muito tempo, foi consultor da marca Ausländer e, em 2007, nos primórdios da internet, criou o Gema TV, projeto inovador com vídeos que mesclavam moda, música e arte.

De lá pra cá, realizou muitos trabalhos que colocaram a moda feita no Rio de Janeiro em outro patamar. Recentemente, ganhou destaque a sua colaboração com a AHLMA, assinando o styling de uma coleção cápsula de pegada bucólica com influências de praia.

Campanha fruto da parceria de José Camarano com a Ahlma. Fotos: Divulgação
Campanha fruto da parceria de José Camarano com a Ahlma. Fotos: Divulgação

No ano passado, resolveu que era o momento de desacelerar. Ao descobrir o WWOOFF (World-Wide Opportunities on Organic Farms), foi para o Havaí trabalhar em fazendas de orgânicos, à procura de uma vida mais tranquila e sustentável.

A imersão rendeu a produção do documentário Search, websérie dividida em quatro episódios que conta a experiência de se reconectar com a terra.

A potência do caos

Indo na contramão desse movimento de desaceleração, Julliana Araújo está mais interessada em construir narrativas em torno do local onde nasceu e das pessoas que ali habitam. Oriunda da Taquara, bairro da região de Jacarepaguá, na zona oeste da capital, ela conta que sua relação com o Rio de Janeiro é muito forte. “Quero estar mais presente no local onde nasci para entender também a minha relação com outros locais e perceber a beleza em outros corpos. A gente vive um processo migratório, precisamos nos deslocar para outras cidades para viver do nosso trabalho, então estar hoje no Rio de Janeiro e morar na Taquara é uma escolha”, explica.

Sua identidade visual parte muito da colagem e da observação de seu entorno. “Fiz história da arte na UERJ, tencionando bastante para a questão do vestuário e percebendo como a colagem alimentava a forma como eu me vestia. Me inspiro nos meus amigos, nas pessoas que estão próximas a mim, na forma como a minha avó se vestia e como o meu pai se veste. Sou muito ligada ao comportamento das pessoas, presto atenção na forma como elas andam, prendem seus cabelos”.

À dir., campanha para a marca Exausta por Julliana Araújo. Fotos: João Roma e Matheus Thierry. Fotos: João Roma e Matheus Thierry
À dir., campanha para a marca Exausta por Julliana Araújo. Fotos: João Roma e Matheus Thierry. Fotos: João Roma e Matheus Thierry

O fator deslocamento exerce papel fundamental em seu trabalho. Como as produções de moda normalmente acontecem na zona sul, ela precisa enfrentar muitas horas de trânsito diariamente nos transportes públicos. Longe de ser um entrave, Julliana usa esse tempo para exercitar ainda mais um olhar generoso sobre o outro e refletir sobre pertencimento.

“Pra mim é muito importante estar na zona sul e, na volta para casa, reconfigurar essas normas de beleza e cultura desses locais ditos centrais. É interessante perceber como cada coisa tem o seu valor, todo local tem sua relevância social e cultural para as pessoas que ali habitam, para mim isso é muito potente. A cidade é o motim para tudo o que eu crio, eu proponho coisas para o Rio de Janeiro, eu pertenço a esse lugar e isso pra mim tem uma potência enorme na hora de construir diálogos e formas de representação”, expõe.

Direção de arte Julliana Araújo | Foto: Federico Gómez
Direção de arte Julliana Araújo | Foto: Federico Gómez

Na hora de falar sobre tecnologia, ela vai além dos gadgets, smartphones e materiais inteligentes que estão super presentes no seu cotidiano profissional. Para Julliana, o conhecimento e a técnica passados de geração a geração também podem ser considerados um avanço tecnológico: “Uso desde tecidos inteligentes que absorvem calor até conhecimentos que minha avó me passou quando eu era criança. Histórias do meu povo, sobre diásporas, histórias da minha infância, remédios caseiros, maneiras de deixar o meu cabelo ‘arrumado’ do jeito que nenhuma outra pessoa sabe fazer, de organizar as roupas…Todas essas sabedorias que são transmitidas entre famílias e trocadas verbalmente entre as pessoas nas ruas também são tecnologias. Isso é o que faz o meu trabalho ser único”.

Fique ligado no Hello Moto para saber mais sobre moda e tecnologia no Rio de Janeiro e não deixe de compartilhar suas experiências na cidade com as hashtags #hellocidades e #hellorio.

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