Como novas marcas da cidade estão unindo design, tecnologia e sustentabilidade
No mês de abril, o Fashion Revolution criou um movimento nas redes sociais que questionava: Você sabe quem faz as suas roupas? O objetivo era aumentar a conscientização sobre o verdadeiro custo da moda e o impacto que ela gera no meio ambiente. Ligados nessa nova realidade, os jovens criadores de Porto Alegre já estão trabalhando com o conceito de moda sustentável no seu DNA.
O #hellocidades, projeto da Motorola que incentiva a reconexão com você mesmo através da sua cidade, conversou com alguns nomes da capital gaúcha que estão aliando criatividade, tecnologia e sustentabilidade.
Óculos com design brasileiro
Valorizar a moda e o design brasileiro por meio de uma política de comércio justo e produção consciente. Essa é a premissa da Preza, marca de óculos que transforma madeiras revisitadas em produtos autênticos, feitos a partir de excedentes industriais.
Segundo Rodrigo Cury, responsável pelo comercial da grife, a base de tudo é a economia colaborativa e o baixo impacto ambiental. “Nosso ambiente produtivo está dentro de um makerspace de marcenaria chamado Fabrique, onde circulam muitas pessoas criativas. Esse tipo de abertura acaba trazendo conexões e trocas incríveis. A seleção dos nossos fornecedores passa por critérios que vão desde a garantia de boas condições de trabalho e remuneração para todos os colaboradores até a missão de reduzir os impactos ambientais de produção”.
E engana-se quem pensa que a manufatura não pode andar de mãos dadas com a tecnologia. Os óculos da Preza são feitos com diversas tecnologias, desde a concepção até a montagem das lentes. “A fase de produção é quase inteiramente manual, mas também utilizamos equipamentos de corte a laser até máquinas específicas para o processamento das lentes. Todas essas ferramentas auxiliam no funcionamento da fábrica, agilizando e facilitando processos”, explica Rodrigo.
O resultado são óculos numerados e exclusivos, garantindo a singularidade de cada peça. “São produtos com história e que carregam significado”, completa.
Escamas para usar
A moda praia e fitness também ganha novos ares em terras gaúchas. Idealizada por Beta Abrantes, a Squame cria peças de banho e de academia que, de tão versáteis, invadem as ruas.
A marca chama atenção pelas belas estampas autorais e pela preocupação em criar roupas que não agridem a natureza. “Temos uma produção local que valoriza os profissionais, gera renda regional e emite menos CO2 ao meio ambiente. Uma produção de resíduo zero, na qual praticamos a logística reversa, visando um melhor destino às peças que já seriam descartadas pelos clientes”, conta Beta.
De olho no futuro, a designer aposta ainda nos tecidos tecnológicos, imprescindíveis para a roupa esportiva e para a moda praia. “Buscamos na tecnologia nossa matéria-primeira e também a utilizamos nos processos de estamparia, que têm evoluído dia após dia. Temos uma produção que gasta pouca energia e não utiliza água na transferência de cor, permitindo unir tecnologia e preservação do meio ambiente”.
Pés estampados
Estampas únicas e cheias de criatividade também são destaque na Insecta, marca de Porto Alegre que conquistou o Brasil inteiro graças à internet. Em menos de cinco anos, seus sapatos veganos e unissex, inspirados na natureza, caíram no gosto de famosas e personalidades do Instagram.
Barbara Mattivy, sócia fundadora da Insecta, conta que as peças são feitas com muito material de reaproveitamento. “Temos uma linha de estamparia que é proveniente de tecido de garrafa pet reciclada, uma linha vintage na qual os sapatos são feitos com roupas garimpadas em brechó e a nossa linha de lisos é feita com um tecido que é mescla de algodão reciclado com garrafa pet”, explica ela. E o ciclo de produção sustentável não para por aí: “Nossas solas são feitas de borracha reciclada e as palmilhas são feitas com todas as sobras da nossa produção, através de uma máquina que tritura todo este material. Por conta disso, podemos dizer que somos uma empresa que não produz lixo na cadeia de produção”.
Para finalizar a cadeia de maneira circular, a marca oferece um serviço extra: a possibilidade de o cliente retornar os sapatos que já estão muito desgastados e que não vão mais ser usados para que eles sejam desmontados, triturados e colocados de volta como palmilha para novos modelos.
Hoje, além do e-commerce, a Insecta tem dois endereços físicos, um em Porto Alegre e outro em São Paulo.
É hora de desacelerar
Indo na contramão de uma produção em massa, o movimento slow fashion traz a preocupação com o tempo de confecção e com as condições de trabalho de quem está envolvido, utilizando noções de sustentabilidade e respeito com o consumidor final. E é dentro dessa tendência que surge a Brisa Slow Fashion, marca capitaneada por Tatiana Stein.
A alfaiataria — feita com tecidos orgânicos, naturais e de baixo impacto ambiental — é o carro-chefe. Segundo Tatiana, a inspiração vem muito da própria cidade: “Buscamos referências na arquitetura e nas mulheres porto-alegrenses, criando peças longilíneas, minimalistas e híbridas. Amamos o fato de termos as quatro estações bem definidas, por isso criamos peças que sejam adaptáveis a todas elas no seu devido momento”.
A comunicação nas redes sociais segue a mesma linha de humanização: “Prezamos por repassar e incentivar as mudanças de consumo. Dessa forma, utilizamos essas ferramentas não só para gerar venda, mas também para ouvirmos e sermos ouvidas de uma forma acolhedora e Brisa de ser”, finaliza.
As roupas da Brisa Slow Fashion, da Squame e de outras marcas autorais e sustentáveis de Porto Alegre podem ser encontradas também no Coletivo 828, loja colaborativa idealizada por Tatiana e localizada no bairro da Floresta. Se estiver passando pela cidade, não deixe de fazer uma visita e compartilhar seus achados fashionistas com as hashtags #hellocidades e #hellopoa.