Conheça o universo das HQs que permeia a capital gaúcha
Lápis, papel e borracha. Com esses simples objetos, muitos quadrinistas famosos iniciaram suas carreiras e hoje inspiram as novas gerações com suas obras. Em Porto Alegre, o cenário de produção de Histórias em Quadrinhos tem crescido e lançado novos nomes, mostrando que a capital gaúcha é um terreno fértil para as iniciativas nessa área.
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Tradição e inovação
A onda dos quadrinhos em Porto Alegre possui uma história de longa data. Fábio Zimbres, artista gráfico que reside na cidade, conta que na década de 1970 a região possuía uma imprensa de peso, o que incentivava muitos desenhistas a se juntarem em projetos comuns, como a publicação de livros, revistas e exposições.
“Desse impulso [se referindo à ação conjunta dos artistas] surgiu a GRAFAR, uma associação de profissionais que também servia como referência para os novatos e como produtora de projetos da área. As reuniões dessa associação funcionavam como ponto de encontro de todos os interessados”, completa Fábio.
Um dos criadores da associação foi o cartunista porto-alegrense Edgar Vasques, famoso por suas parcerias com o escritor Luis Fernando Veríssimo e por seu personagem Rango, morador de rua que, de forma cômica, fazia críticas à desigualdade social brasileira.
De lá para cá, muitos nomes vindos de Porto Alegre surgiram na cena de quadrinhos, como Rafael Albuquerque — que chamou a atenção fora do Brasil e colaborou com a DC Comics em grande projetos como Besouro Azul, Robin, Superman/Batman e Vampiro Americano —, e Mateus Santolouco, que já realizou projetos com a Marvel Comics e também colaborou com duas edições de Vampiro Americano.
Outro exemplo de destaque vindo da capital gaúcha é a cartunista e ilustradora Letícia Pusti. A jovem de 26 anos é criadora da página no Facebook Aquele Drama Básico, onde publica suas criações e já tem mais de 135 mil seguidores. De forma leve e divertida, suas tirinhas abordam temas do cotidiano, como pequenas frustrações sentidas pela autora e situações com as quais muitas pessoas se identificam.
Ponto de encontro
Com uma cena de quadrinhos tão forte, não poderiam deixar de surgir espaços criativos que expressassem esse movimento. A Galeria Hipotética é um exemplo: criada em março de 2015, o lugar é um point que reúne diversos artistas que trabalham na área e o público de Porto Alegre, ajudando na divulgação e incentivando a arte independente.
A Galeria surgiu de um projeto hipotético de Iriz Medeiros e Fabiano Denardin, que desejavam criar um espaço que reunisse várias coisas que gostavam, mas ainda não sabiam que contornos exatos dar a essa ambição. “A ideia de abrir a galeria veio bem antes até da gente saber que seria uma galeria”, revelam.
Após entrarem em contato com galerias alternativas em uma viagem para Buenos Aires, o casal decidiu iniciar a experiência da Galeria Hipotética. Com exposições de desenhos, ilustrações, histórias em quadrinhos e fotografias, o espaço também abriga uma lojinha com publicações locais e independentes, além de sediar cursos da área.
“A Hipotética não trabalha apenas com quadrinhos, mas creio que somos um dos poucos espaços que tem o foco de também promover exposições de páginas de quadrinhos e fomentar esse universo” contam os criadores.
Localizada no quarto distrito, a galeria envolve o público portoalegrense com diversas atividades como bate-papos, feiras, defesas de TCC, lançamentos, além dos eventos de abertura das próprias exposições. “Fazer as pessoas se deslocarem até um espaço é um grande desafio, então tentamos focar esforços em eventos que reúnam outras atividades (…), coisas que estimulem as pessoas a quererem conhecer o espaço, os artistas, e andarem pela cidade”, completam.
O analógico na era digital
Uma questão atual no mundo dos quadrinhos é a crescente influência das plataformas digitais. Se há algumas décadas a única forma de entrar em contato com esse universo era por meio das revistas impressas, hoje é possível ler uma HQ nas telas dos computadores e smartphones através da internet.
Seria o fim das edições impressas? O artista Fábio Zimbres discorda: “O interesse pelas publicações e artes impressas que se percebe hoje no Brasil e também fora daqui contradiz essa ideia de que a tecnologia afasta as pessoas do contato físico. E acredito que existe um prazer específico que se extrai da leitura (…) que as pessoas que a descobriram não querem deixar de lado”.
Iriz e Fabiano, da Galeria Hipotética, completam: “se [o crescimento do digital] chega para afastar um pouco o foco do impresso, também ajuda as pessoas a conhecerem mais o material e ajuda também a reunir quem gosta do material físico, e isso acaba gerando outros movimentos, como o circuito de feiras que focam em impressos, (…) com iniciativas como as feiras Miolos e Plana (SP), Tijuana (SP e RJ), Parque Gráfico (SC), e, aqui no Rio Grande do Sul, Parada Gráfica, Papeleora e A6 (Porto Alegre), ReTina (Santa Maria), entre várias outras”.
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(Créditos da imagem em destaque: Exposição Graphics MSP: Turma da Mônica, Bidu e Penadinho, na Galeria Hipotética.)