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A força dos quadrinhos em Porto Alegre


Escrito por Motorola

Conheça o universo das HQs que permeia a capital gaúcha

Lápis, papel e borracha. Com esses simples objetos, muitos quadrinistas famosos iniciaram suas carreiras e hoje inspiram as novas gerações com suas obras. Em Porto Alegre, o cenário de produção de Histórias em Quadrinhos tem crescido e lançado novos nomes, mostrando que a capital gaúcha é um terreno fértil para as iniciativas nessa área.

Venha com o #HelloCidades, projeto da Motorola que incentiva a reconexão das pessoas consigo mesmas através das suas cidades, e conheça um pouco mais do universo de HQs que cerca PoA!

Tradição e inovação

A onda dos quadrinhos em Porto Alegre possui uma história de longa data. Fábio Zimbres, artista gráfico que reside na cidade, conta que na década de 1970 a região possuía uma imprensa de peso, o que incentivava muitos desenhistas a se juntarem em projetos comuns, como a publicação de livros, revistas e exposições.

(Tirinha de Fábio Zimbres, publicada no livro “Vida Boa”.)

“Desse impulso [se referindo à ação conjunta dos artistas] surgiu a GRAFAR, uma associação de profissionais que também servia como referência para os novatos e como produtora de projetos da área. As reuniões dessa associação funcionavam como ponto de encontro de todos os interessados”, completa Fábio.

Um dos criadores da associação foi o cartunista porto-alegrense Edgar Vasques, famoso por suas parcerias com o escritor Luis Fernando Veríssimo e por seu personagem Rango, morador de rua que, de forma cômica, fazia críticas à desigualdade social brasileira.

(Tirinha com Rango, de Edgar Vasques, publicada em 2013 na revista Extra Classe, nº 175)

De lá para cá, muitos nomes vindos de Porto Alegre surgiram na cena de quadrinhos, como Rafael Albuquerque — que chamou a atenção fora do Brasil e colaborou com a DC Comics em grande projetos como Besouro Azul, Robin, Superman/Batman e Vampiro Americano —, e Mateus Santolouco, que já realizou projetos com a Marvel Comics e também colaborou com duas edições de Vampiro Americano.

(Divulgação: Vampiro Americano, publicação da DC Comics desenhada por Rafael Albuquerque e Mateus Santolouco.)

Outro exemplo de destaque vindo da capital gaúcha é a cartunista e ilustradora Letícia Pusti. A jovem de 26 anos é criadora da página no Facebook Aquele Drama Básico, onde publica suas criações e já tem mais de 135 mil seguidores. De forma leve e divertida, suas tirinhas abordam temas do cotidiano, como pequenas frustrações sentidas pela autora e situações com as quais muitas pessoas se identificam.

(Tirinha de Letícia Pusti, publicada na página Aquele Drama Básico, no Facebook)

Ponto de encontro

(Fachada da Galeria Hipotética. Foto: Terra Zero)

Com uma cena de quadrinhos tão forte, não poderiam deixar de surgir espaços criativos que expressassem esse movimento. A Galeria Hipotética é um exemplo: criada em março de 2015, o lugar é um point que reúne diversos artistas que trabalham na área e o público de Porto Alegre, ajudando na divulgação e incentivando a arte independente.         

A Galeria surgiu de um projeto hipotético de Iriz Medeiros e Fabiano Denardin, que desejavam criar um espaço que reunisse várias coisas que gostavam, mas ainda não sabiam que contornos exatos dar a essa ambição. “A ideia de abrir a galeria veio bem antes até da gente saber que seria uma galeria”, revelam.

(Iriz Medeiros e Fabiano Denardin na Parada Gráfica 2017. Foto: Eneida Serrano)

Após entrarem em contato com galerias alternativas em uma viagem para Buenos Aires, o casal decidiu iniciar a experiência da Galeria Hipotética. Com exposições de desenhos, ilustrações, histórias em quadrinhos e fotografias, o espaço também abriga uma lojinha com publicações locais e independentes, além de sediar cursos da área.

“A Hipotética não trabalha apenas com quadrinhos, mas creio que somos um dos poucos espaços que tem o foco de também promover exposições de páginas de quadrinhos e fomentar esse universo” contam os criadores.

(Exposição Instantes Urbanos e Santa Tartaruga! na Galeria Hipotética)

Localizada no quarto distrito, a galeria envolve o público portoalegrense com diversas atividades como bate-papos, feiras, defesas de TCC, lançamentos, além dos eventos de abertura das próprias exposições. “Fazer as pessoas se deslocarem até um espaço é um grande desafio, então tentamos focar esforços em eventos que reúnam outras atividades (…), coisas que estimulem as pessoas a quererem conhecer o espaço, os artistas, e andarem pela cidade”, completam.

O analógico na era digital

Uma questão atual no mundo dos quadrinhos é a crescente influência das plataformas digitais. Se há algumas décadas a única forma de entrar em contato com esse universo era por meio das revistas impressas, hoje é possível ler uma HQ nas telas dos computadores e smartphones através da internet.

Seria o fim das edições impressas? O artista Fábio Zimbres discorda: “O interesse pelas publicações e artes impressas que se percebe hoje no Brasil e também fora daqui contradiz essa ideia de que a tecnologia afasta as pessoas do contato físico. E acredito que existe um prazer específico que se extrai da leitura (…) que as pessoas que a descobriram não querem deixar de lado”.

Iriz e Fabiano, da Galeria Hipotética, completam: “se [o crescimento do digital] chega para afastar um pouco o foco do impresso, também ajuda as pessoas a conhecerem mais o material e ajuda também a reunir quem gosta do material físico, e isso acaba gerando outros movimentos, como o circuito de feiras que focam em impressos, (…) com iniciativas como as feiras Miolos e Plana (SP), Tijuana  (SP e RJ), Parque Gráfico (SC), e, aqui no Rio Grande do Sul, Parada Gráfica, Papeleora e A6 (Porto Alegre), ReTina (Santa Maria), entre várias outras”.

Quer ler mais matérias sobre arte, cultura, música e tecnologia em Porto Alegre? Então visite a aba #HelloPoa e encontre mais conteúdos do projeto #HelloCidades.

(Créditos da imagem em destaque: Exposição Graphics MSP: Turma da Mônica, Bidu e Penadinho, na Galeria Hipotética.)

 

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