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A arquitetura da noite paulistana


Escrito por Motorola

Como coletivos e artistas têm transformado a experiência das festas na cidade

Nem só de música vive a noite de São Paulo. Nos últimos anos, a cidade tem visto o crescimento de festas itinerantes — geralmente realizadas em galpões e espaços abandonados — que propõem uma ambiência elaborada em sintonia com o som. Coletivos e artistas têm se juntado para desenvolver instalações, intervenções e jogos de luzes que tornam a experiência do público ainda mais intensa.

O #hellocidades, projeto da Motorola que incentiva a reconexão com você mesmo através da sua cidade, fez um mergulho nessa cena que mistura arte, música e diversão!

Sonhos modulados

A tecnologia costuma ser a base para esses experimentos que flertam com diferentes linguagens artísticas. Um bom exemplo disso é a Modular Dreams. Fundado por Priscilla Cesarino e Danilo Barros, o estúdio explora a imagem eletrônica criada de forma analógica. “Nós propomos uma experiência audiovisual sinestética, imersiva e integrada com todo o conjunto da festa. Produzimos todo o nosso conteúdo de vídeo com nosso sistema modular de sintetizadores, depois importamos esse material para o software e utilizamos de várias formas”, conta Priscila.

Um dos projetos mais interessantes da dupla foi o MD Tunnel, uma instalação imersiva com centenas de vídeos que desfilavam pelas paredes de um túnel. A intervenção foi concebida para a ODD, festa itinerante de house, techno e experiências sonoras e visuais fora do comum.

(MD Tunnel, por Modular Dreams)

Para o alto e avante

Um bom programa luminotécnico tem o poder de transformar qualquer evento. E é justamente nessa área que a AVNT brilha. O coletivo encabeçado por Yan Higa e Elsi Ane chama atenção pela ambientação com plantas e luzes, criando projetos que vão de iluminação a live acts audiovisuais.

“Visamos muito a imersão sensorial e o sentimento de estar presenciando algo que é, ao mesmo tempo, novo, belo, íntimo, abrangente e expansivo. Gostamos dessa sensação de estar aconchegado em um sonho distante”, explica Yan. E completa: “Temos a nossa marca registrada na ambientação com plantas de uma maneira menos convencional, que foge do feeling tropical”.

Os trabalhos realizados para a festa Sangra Muta, em junho do ano passado, e para a ODD, em setembro do mesmo ano, exemplificam bem essa experiência tropicalista-futurista nada óbvia.

(Nvf, por AVNT. Sangra Muta 25/08/17)
(A sylvan soul delights prosperity within blessed walls – tradução: A alma silvestre delicia a prosperidade entre muros abençoados-, AVNT. ODD 16/09/17)

Yan salienta ainda a importância de se criar uma identidade visual em sintonia com a sonoridade da noite, respeitando a autonomia artística dos envolvidos. “Esperamos que, quando nos chamam para realizar um trabalho de cenografia, instalação ou performance, a curadoria já tenha em mente o que oferecemos e o que podemos oferecer. Não nos submetemos a briefings que nos moldem de maneira destrutiva. Acreditamos na nossa capacidade de harmonizar e dialogar com a música e a energia da festa”.

Colagens tridimensionais

As experimentações não tecnológicas também têm o seu espaço no circuito noturno paulistano. Gabriella Garcia, expoente da nova cena brasileira de colagem, se destaca por exibir instalações feitas com artefatos da arte tradicional. Neste mês de março, ela expôs o trabalho intitulado “Isso é o que acontece quando duas substâncias colidem” no Dekmantel Festival São Paulo.

O aparato composto por cobre, chapas de espelho, madeira, pedras e tinta spray completava a experiência sonora e propunha uma nova relação tempo/espaço com o espectador.

(Instalação “Isso é o que acontece quando duas substâncias colidem”, de Gabriella Garcia, no Dekmantel Festival São Paulo 2018)

Que fita!

Entusiasta da cena eletrônica, a jornalista e artista visual Danila Moura pode ser apontada como uma das principais fomentadoras da união entre arte e vida noturna. No projeto Fita, ela faz um registro analógico-digital de apresentações musicais que acabam virando um bom retrato do movimento underground da cidade. Além disso, participa do Coletivo Mamba Negra na Radio Virusss — canal de transmissão ao vivo pela internet com lives e djs sets —, no qual entrevista os participantes.

Paralelamente, Daniela desdobra suas pesquisas em instalações de luz em festas, festivais de música e shows. “Fiz minha primeira empreitada com apoio e suporte da Gabriella Garcia, durante uma ODD, além de vários amigos queridos que me emprestaram TVs de tubo. Exibia vídeos nas TVs e registrava quem estava assistindo. Fui alterando alguns formatos, e recentemente rolou na Festa Estranha, Distrito, uma intervenção junto com a 28.room, durante o show do Os Mulheres Negras, no Dekmantel”, diz.

(Instalação com TVs de tubo, por Danilla Moura. Fotos: Marcelo Elídio)

Veja no vídeo um compilado de diversos trabalhos dos coletivos AVNT e Modular Dreams:

Agora, não deixe de compartilhar com a gente a sua experiência nessas e em outras festas da cidade usando as hashtags #hellocidades e #hellosaopaulo.

*Foto da capa: Videomapping feita pela Modular Dreams, no centro de São Paulo.

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