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A Pequena África: tradição e cultura no Rio de Janeiro


Escrito por Abril BrandedContent

A modernização da região portuária coloca em evidência um pedaço da cidade carregado de história

Foto: Mauana Simas. Legenda: O Cais do Valongo é o lugar mais importante do mundo relacionado à escravidão de africanos fora da África.

“Quando se fala de cultura, se fala de território”, afirma Julia Vidal, autora do livro “O africano que existe em nós, brasileiros”. Se tem um território no Rio de Janeiro que respira cultura é o centro da cidade. O Rio, que foi capital do país por quase setenta anos, abriga importantes espaços que ajudam a resgatar a memória da sociedade brasileira.

O #hellocidades, projeto de Motorola que convida as pessoas de algumas das principais cidades brasileiras a repensar a maneira como se relacionam com o espaço urbano, hoje viaja para a zona portuária do Rio de Janeiro, que serviu (e continua a servir) de cenário para uma parte essencial da história do país.

Batizada pelo cantor Heitor dos Prazeres como Pequena África, a área que compreende os bairros Gamboa, Saúde e Santo Cristo foi, no século XIX, o porto de chegada e comércio dos africanos escravizados. O mais significativo deles é o Cais do Valongo que, em julho deste ano, recebeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco.

Julia Vidal morou e trabalhou por dois anos e meio no Morro da Conceição, em Saúde. Ela conta que escolheu o local justamente pelas raízes afro-brasileiras e todo o simbolismo da Pequena África: “Precisava estar perto do movimento que acontecia ali, com o foco nas manifestações da cultura afro-brasileira”, explica.

Na preparação da cidade para os jogos olímpicos de 2016, muitas escavações foram feitas na região portuária e centenas de patrimônios descobertos. Segundo Julia, essa renovação da área permitiu que a história desses locais e seus primeiros moradores fosse relembrada e mais valorizada. “Hoje, posso conviver com a história viva. Eu tinha que recorrer a livros para minha pesquisa. Era uma história pouco contada, com pouco registro”, conta Julia.

Paradas obrigatórias:

O Sítio Arqueológico Cais do Valongo é considerado o mais importante vestígio material fora do continente africano sobre o tráfico de escravos. De acordo com a Unesco, cerca de quatro milhões de africanos escravizados foram trazidos ao Brasil e, somente pelo Valongo, chegaram mais de um milhão.

No bairro da Saúde, está a icônica Pedra do Sal, espaço de referência da cultura negra associada ao local de surgimento do samba. No século XVIII, era feito ali o desembarque de gêneros alimentícios não perecíveis como açúcar e sal, que acabou dando nome ao local. Alguns estivadores que trabalhavam na região utilizavam a Pedra do Sal como ponto de encontro para tocarem música. E, assim, o local se tornou referência até hoje para o samba carioca e a resistência cultural.

Praça da Harmonia

A praça, no século XIX, era o Mercado da Harmonia, criado para diminuir o enorme fluxo do Mercado da Praça XV. O comércio ali, porém, não vingou, e o mercado se tornou um cortiço. Durante a Revolta da Vacina, virou palco das manifestações e encontros da população revoltada com os tratamentos agressivos e compulsórios. Hoje, a Praça da Harmonia é ponto de partida e parada obrigatória de diversos blocos de Carnaval e festas.

Tia Ciata e outras mulheres baianas perseguidas pela religiosidade foram figuras importantíssimas para a cultura negra carioca. Cozinheira de mão cheia e grande anfitriã, Tia Ciata reunia importantes artistas e se tornou a “dama do samba”. A Casa da Tia Ciata é um espaço cultural que resgata a memória dela, mas também a história do começo do samba carioca e da cultura negra na cidade.

Foto: Mauana Simas. Legenda: Casa da Tia Ciata, reduto cultural afro-brasileiro, fica perto do Cais do Valongo.

O Cemitério dos Pretos Novos, na Gamboa, é um sítio arqueológico e centro cultural importante e impactante para contar a história dos africanos escravizados que foram trazidos ao país. No local onde foi fundado o museu, eram enterrados os corpos daqueles que não sobreviviam às viagens transatlânticas.

Quer se conectar ainda mais a história da Pequena África Carioca? No dia 25 de novembro acontece na Ação da Cidadania (Av. Barão de Tefé, 75, Saúde) um ciclo de conversas e debates sobre o Circuito Afro-Carioca, seus atores e movimentos. Já no dia 28 de novembro, das 10h às 15h na Estação Central do Brasil, acontece o lançamento do movimento AfroCriadores, um coletivo de 31 marcas de moda que se uniram para repensar o mercado da moda e fortalecer a cultura afro-brasileira.

Lembre-se de registrar nas redes sociais sua passagem pela Pequena África ou por um dos eventos indicados aqui. Não se esqueça de incluir em suas postagens a hashtag #hellocidades e contar para todo mundo sobre essa oportunidade de viver uma experiência rica no Rio de Janeiro! Os cariocas se encontram em hellomoto.com.br.

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