Com origem indígena, peteca se transformou em esporte oficial em BH nos anos 40
O objeto é bem simples: quatro penas encaixadas em uma base de borracha, pesando 50 gramas e custando um preço médio de 10 reais. Vendida em lojas de presentes, papelarias e até em bancas de revista, a peteca em BH é tão fácil de encontrar quanto o pão de queijo. Para se ter uma ideia do volume da prática, a maior fábrica de peteca de Minas Gerais produz 500 petecas por dia, escoando a maior parte da produção para a capital.
De origem indígena ainda pouco estudada, a peteca se tornou um esporte oficial em Belo Horizonte nos anos 1940. Hoje em dia, é praticado em todo o Brasil e em muitos países da Europa, mas é difícil encontrar outra cidade onde a prática se tornou parte da cultura local. Em BH é assim. A peteca está presente em toda escola, clube recreativo e praça esportiva, assim como seus praticantes, é claro.

Dois modos de jogar e aproveitar a cidade
A prática nas praças e parques é muito comum na capital mineira. Um hábito que vem da infância, na maioria das vezes. “É difícil lembrar a primeira vez que joguei peteca, parece que todo mundo nasce sabendo”, diz a estudante Danielle Gomes, de 22 anos, que mobiliza amigos para jogar livremente nos gramados da Universidade Federal de Minas Gerais, na Pampulha.
“Temos um grupo de 15 pessoas, todos viciados no esporte. Nos intitulamos ‘petequistas’”, conta. Ela fala que a ideia do seu grupo é fazer rodas ao ar livre e bater recordes de tempo com a peteca no ar: “Todo mundo se esforça ao máximo pra livrar a peteca do chão, o que causa situações engraçadas. É bem divertido”.

Na parte mais central da cidade, o grupo “Petequeiros BH” prefere a modalidade competitiva, onde se pratica peteca em uma quadra com rede. Daí a escolha do Parque Municipal Américo Renné Giannetti, que é equipado com diversas quadras poliesportivas públicas.
Quem lidera a turma é o preparador físico Diogo Ferreira, de 30 anos, que toda quinta-feira promove mini torneios entre seus familiares e colegas de trabalho — tudo por meio de aplicativos de celular. “Temos 30 participantes, mas, com apenas 4 confirmados, a prática está garantida e partimos pro parque”, afirma. O grupo foi criado há 2 anos e já rodou por vários pontos da cidade, inclusive pela região metropolitana, fixando-se agora no “pulmão de BH”.

Diogo destaca que a prática tem um iniciação muito rápida, o que facilita a interação entre amadores e profissionais: “A técnica básica é bater na peteca, então crianças e adultos jogam de igual pra igual”. A sua profissão também o faz defender a peteca como um hábito saudável: “Além dos benefícios aeróbicos, o tempo de reação e os golpes de vista são desenvolvidos de maneira muito natural pelo cérebro.”
A diferença essencial entre as duas maneiras de se jogar é que, na competitiva, o objetivo é fazer com que a peteca caia no campo adversário, conquistando pontos. Bem próximo do que acontece no voleibol, inclusive com a divisão dos sets. Já na modalidade livre, a emoção vem do “rally”, cujo propósito é justamente não deixar a peteca cair, como acontece no frescobol, no qual um jogador auxilia o outro.

A peteca na bagagem
A praia é um ótimo espaço para a prática da peteca. E como fazer sem praia? Como espaço na mala não é o problema, os participantes dos dois grupos são unânimes em dizer que levam a peteca pra todo lugar, até mesmo na necessaire.
Abaixo, os ‘petequeiros’ e ‘petequistas’ nos indicaram os melhores lugares para se jogar ao ar livre em BH:
Praça Duque de Caxias – Santa Tereza
Praça do Papa – Mangabeiras
Parque Municipal – Av Afonso Pena 1377 Centro
UFMG – Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – Pampulha
Praça Floriano Peixoto – Santa Efigênia
Praça do Cardoso – Rua Bandonion, s/n, Serra
Estádio Mineirão – Av. Antônio Abrahão Caran, 1001 – São José (exceto em dias de jogos do Cruzeiro).