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Coletivo MOFO traz de volta interesse pela fotografia analógica


Escrito por Motorola

Grupo de Belo Horizonte é formado por oito integrantes que se uniram para compartilhar equipamentos e fazer experimentos em torno do analógico

Só é possível conhecer e entender, de fato, o coletivo MOFO visitando seu estúdio e passando um tempo por lá. O grupo, formado por oito integrantes, está nas redes sociais, mas o trabalho está focado muito mais no processo do que propriamente no resultado, e isso não se vê online.

O MOFO é um coletivo novo, formado há menos de um ano por fotógrafos que já tinham uma certa experiência com o analógico, mas que se juntaram para compartilhar equipamentos e, principalmente, trocar ideias e fazer experimentações.

Foto feita pelo Coletivo MOFO com o moto snap 360 camera do moto z2 force
Foto feita pelo Coletivo MOFO com o moto snap 360 camera do moto z2 force

O grupo acaba de se mudar para uma nova sede, um estúdio ainda em processo de montagem na Galeria Carmo Sion, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, que em breve estará aberto para o público interessado em serviços como os de revelação e ampliação. Os integrantes ainda irão vender os materiais que produzem, como zines e o “Fuji MOFO” – filme de cinema rebobinado e colocado em bobinas de filme fotográfico. Há ainda a possibilidade de fazer um “clube do analógico”, onde serão ministradas oficinas para mensalistas.

Não há uma estética específica que amarra o trabalho de todos os integrantes. Carlos Oliveira diz que o trabalho de cada um influencia no do outro, mas cada um é referência em um determinado campo. “Quando penso em retrato, penso no Athos Souza e no Bernardo Silva. Quando é fotografia de moda, penso no Vitor Jabour e no Piero Davila. Já o Rafael Souza tem um estilo mais de rua. O coletivo é mais sobre nossos processos do que pra pensar igual”, conta.

Imagem: Athos Souza
Imagem: Athos Souza

A ideia do MOFO começou a surgir do encontro entre Vitor e Carlos em meados de 2013, em shows da cena de punk e hardcore da cidade. Na época, os dois combinaram de comprar um scanner juntos, o que talvez tenha sido o primeiro passo do que viria a ser o coletivo. Dois anos depois, a dupla já estava organizando festivais de fotografia no Baixo Cultural, casa de eventos que pertencia a Rafael Souza. A parceria começou a se fortalecer e eles começaram a juntar equipamentos. No ano passado, resolveram se juntar na primeira sede, que ficava numa sala do Edifício Almeida, na Rua São Paulo, Centro de BH.

Depois que já tinham garimpado vários equipamentos, o grupo se mudou para a nova sede. Carlos conta que foi um processo lento de garimpo. “A gente traz muita coisa de fora do país, vai buscar muita coisa no interior de pessoas que estão se desfazendo de equipamentos e ficam sabendo que ainda existe uma galera interessada nisso”, conta enquanto mostra valiosas parafernalhas dentro de uma caixa de papelão. A mais curiosa delas: um dispositivo de plástico resistente com um sensor acoplado a uma câmera, equipamento usado por fotógrafos de animais silvestres que querem pegar um “clique espontâneo” do bicho.

Imagem: Vitor Jabour
Imagem: Vitor Jabour

9º integrante

A escolha de sair do Centro da cidade não foi fácil. Todos os integrantes têm uma forte ligação com a região e são unânimes em afirmar que “o centro é o 9º integrante do coletivo MOFO”. Eles contam que viviam o centro de forma intensa e trocavam ideias com fotógrafos experientes no balcão das lojas, como o Sr. João, do Pedro Cine Foto e Sr. Joel, do Centro Fotográfico. Eles contam ainda que muitos clientes desses dois locais ficavam sabendo da existência do coletivo e iam até o Edifício Almeida para visitar a sede e esperar o intervalo de uma hora — tempo de revelação dos filmes nesses estabelecimentos.

O entusiasmo em torno do analógico foi contagiando funcionários de outras salas do Edifício Almeida. “Pouco depois que a gente se mudou pra lá, estava todo mundo fotografando com câmera analógica”, lembra Bernardo.

Imagem: Rafael Rasone
Imagem: Rafael Rasone

Carlos diz que toda essa vivência no Centro influenciou no trabalho do coletivo. “É inegável que o Centro é um polo cultural da cidade. Tudo acontece lá. Isso pesa no nosso estilo de fotografia, uma cultura mais urbana”, diz.  Uma forma que o grupo encontrou de continuar no centro foi deixando o Fuji MOFO à venda em uma loja de celulares na Praça Sete (Veja abaixo a relação de lugares para comprar). “Queremos viver o centro, participar e ser o mínimo espectador possível”, conclui Bernardo.

Analógico x Digital

“Nós nascemos no analógico, mas vivemos no digital, então estamos em dois paralelos. Temos um pouco dos dois mundos”, diz Piero Davila. Cada um dos integrantes tem um diferente nível de aceitação com o digital, mas é fato que não há uma ‘birra’ com o digital. “A gente faz o analógico, mas ele vira o digital. Não é à toa que uma das coisas que a gente mais estuda é o scanner”, complementa.

Imagem: Bernardo Silva
Imagem: Bernardo Silva

Já Rafael Souza conta que nunca teve uma câmera digital. “Eu já tenho na cabeça que fotografia igual a gente faz é papel. Eu vejo o digital como um recurso que a gente usa de forma moderada, mas não se deixa ser consumido pela ferramenta”, avalia.

O consenso entre o grupo é que o digital é bem-vindo contanto que haja experimentação e que se atinja um resultado favorável que não seja em detrimento do analógico. Bernardo, que clica casamentos com sua analógica, diz que não tem como escapar do digital. “Meu sonho era poder resolver meu processo inteiro dentro do laboratório, mas é impossível, o tempo é outro” conta.

Bernardo dá uma demonstração interessantíssima de como usar o digital em favor do analógico. Ele usa a câmera do celular para fotografar o negativo e, em seguida, inverter as cores para ter um preview da fotografia revelada.

Apesar do bom catálogo que pode ser visto nas redes sociais do coletivo e nos perfis pessoais dos integrantes, o grupo procura ampliar a vida fora do Instagram. “A gente entende que essa rede é um espaço pequeno para o trabalho de todo mundo. O Fael tem feito trabalhos com montagem, colagem, que quando você vê ao vivo, você fica chocado. O instagram não capta aquilo”, comenta Carlos.

A valorização do processo criativo se concretiza na fala de Rafael. “Você posta uma foto, ela perde cor, perde nitidez e você ganha likes. Estou na pilha de ficar fazendo fanzines, independente da qualidade do papel, seja para guardar ou para exibir”.

Imagem: Piero Davila
Imagem: Piero Davila

Recentemente, o Coletivo MOFO lançou seu primeiro zine. No processo de elaboração, foram selecionadas 20 fotos de cada um, que ficaram espalhadas no chão de um salão. A curadoria funcionava com um selecionando fotos do outro. Em seguida, o processo de diagramação foi feito colando as fotos com fita na parede do espaço. Só depois isso foi levado para o computador e, posteriormente, para impressão. “O processo em frente ao computador foi quase zero”, diz Rafael.

O MOFO é:
https://www.instagram.com/coletivomofo/

Athos Souza

Bernardo Silva

Carlos Oliveira

Fael Souza

Erick Ricco

Nathália Santos

Piero Davila

Vitor Jabour

Dicas dadas pelos fotógrafos de fóruns na internet para quem quer aprender mais sobre fotografia analógica:

Fotografia Analógica BH

https://www.facebook.com/groups/557822321056573/

Coletivo MOFO FB

https://www.facebook.com/MOFOFOTOGRAFIA/

Coletivo MOFO instagram

instagram.com/coletivomofo

Queimando o filme FB

https://www.facebook.com/groups/grupoqueimandofilme/

Negative feedback

https://www.youtube.com/channel/UCTgaiv8YdmmNqI8STrpWc7w

 

Onde encontrar os produtos do coletivo MOFO


Sede do coletivo

Avenida Nossa Senhora do Carmo, 221, Sala 331 – Sion

QuartoAmado

Rua Antônio de Albuquerque, 384 – Savassi

(31) 2526-9931

7 Square

Rua Rio de Janeiro, 630, 2º quiosque – Centro

Gata Preta

Edifício Maletta, Avenida Augusto de Lima, 233 – Sobreloja 35

*Foto da capa por Carlos Oliveira

Por Fernando Motta e Wagner Almeida, colaboradores #helloBH

 

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