A paixão pela bola se mantém viva na periferia da capital mineira
Arenas esportivas com padrão europeu, contratos milionários, capa de portais de notícias e muita, mas muita badalação. A vida dos grandes jogadores de futebol passa longe da realidade das periferias do Brasil, a não ser por um detalhe: a paixão pelo mesmo esporte.
Com 298 time e quase 5 mil atletas cadastrados, a Liga Não Filiados movimenta os finais de semana de Belo Horizonte com campeonatos que atraem toda a sorte de boleiros, dos que buscam destaque aos que defendem com amor as cores do seu time de bairro.
O Hello Cidades conversou com um dos criadores da liga para entender a diferença que bater uma bola no fim de semana traz para os atletas da várzea.
“Futebol de várzea é o lazer e o social para nossas vilas e favelas”
Belo Horizonte é uma cidade fortemente identificada com o futebol. A própria Federação Mineira de Futebol (FMF), órgão máximo do esporte no estado, permite a filiação de ligas e atletas da várzea. Daí a razão do nome Liga Não Filiados. Independentes da federação, os não filiados surgiram de maneira despretensiosa, da reunião de um grupo de amigos. Quem nos conta os detalhes é um de seus fundadores Daniel Silva.
“A liga surgiu comigo, Felipe, Ruan e Chocolate. Todos se uniram, pois estávamos tomando muito ‘bolo’ em amistosos. Criamos a liga no intuito dos times não tomarem mais ‘bolo’ no final de semana.“
Com a liga firmada, os atletas passaram a se comprometer mais com os jogos e deixaram de faltar às partidas. Daniel explicou que nos clubes não filiados, diretoria e atletas são responsáveis por sua própria gestão e manutenção. A liga apenas cobra uma taxa similar a um jogo amistoso dos times para organizar as competições.
Jogando pelo meu bairro
Assim como qualquer aficionado por futebol, os jogadores que participam dos campeonatos de várzea tem seus times do coração. Porém, esse é um amor que acaba sendo dividido com o time que os boleiros representam nos finais de semana.
Segundo Daniel Silva, a maior motivação desses atletas amadores é “o amor ao clube do seu bairro e a organização dos torneios e copas“. Para os que esperam algo mais, como despertar a atenção de um olheiro, a várzea continua sendo uma fonte de revelação de talentos.
Este ano, dois atletas oriundos da Liga Não Filiados disputaram e foram campeões do Campeonato Mineiro Módulo 2, a segunda divisão do estadual. Na próxima temporada, Churrasco e Wilsinho poderão representar os Tupynambás na elite do futebol de Minas e, quem sabe, atuar contra Cruzeiro e Atlético-MG nos maiores estádios da cidade.
Sábado tem jogo e eu tô lá
Nesse momento, a Liga Não Filiados está organizando a Copa Libertadores BH/MG, a maior competição de várzea da cidade. Para quem pensa que as competições envolvem apenas atletas masculinos, a edição feminina da Libertadores da várzea irá acontecer logo mais.
Os jogos acontecem sempre aos sábados, em bairros de toda a periferia belo-horizontina. Aos domingos, quem ocupa os campos da várzea são os times das ligas filiadas à Federação Mineira de Futebol.
Se você se interessou em conhecer, assistir ou participar das competições da Liga Não Filiados, mande um e-mail para [email protected]. Também é possível saber mais sobre as competições no facebook da liga.
Enquanto houver atletas amadores e independentes empenhados em manter a várzea viva, o fã de futebol pode dormir tranquilo que as raízes do esporte mais amado do país continuam bem vivas.
Continue acompanhando o Hello Cidades para descobrir o lado mais inspirador do futebol na sua cidade.