A paixão pela bola se mantém viva na periferia da capital mineira
Arenas esportivas com padrão europeu, contratos milionários, capa de portais de notícias e muita, mas muita badalação. A vida dos grandes jogadores de futebol passa longe da realidade das periferias do Brasil, a não ser por um detalhe: a paixão pelo mesmo esporte.
Com 298 time e quase 5 mil atletas cadastrados, a Liga Não Filiados movimenta os finais de semana de Belo Horizonte com campeonatos que atraem toda a sorte de boleiros, dos que buscam destaque aos que defendem com amor as cores do seu time de bairro.
O Hello Cidades conversou com um dos criadores da liga para entender a diferença que bater uma bola no fim de semana traz para os atletas da várzea.
“Futebol de várzea é o lazer e o social para nossas vilas e favelas”
![Aldeia Futebol Clube](https://www.hellomoto.com.br/wp-content/uploads/2018/06/1.jpg)
Belo Horizonte é uma cidade fortemente identificada com o futebol. A própria Federação Mineira de Futebol (FMF), órgão máximo do esporte no estado, permite a filiação de ligas e atletas da várzea. Daí a razão do nome Liga Não Filiados. Independentes da federação, os não filiados surgiram de maneira despretensiosa, da reunião de um grupo de amigos. Quem nos conta os detalhes é um de seus fundadores Daniel Silva.
“A liga surgiu comigo, Felipe, Ruan e Chocolate. Todos se uniram, pois estávamos tomando muito ‘bolo’ em amistosos. Criamos a liga no intuito dos times não tomarem mais ‘bolo’ no final de semana.“
Com a liga firmada, os atletas passaram a se comprometer mais com os jogos e deixaram de faltar às partidas. Daniel explicou que nos clubes não filiados, diretoria e atletas são responsáveis por sua própria gestão e manutenção. A liga apenas cobra uma taxa similar a um jogo amistoso dos times para organizar as competições.
Jogando pelo meu bairro
![Baixada Futebol Clube](https://www.hellomoto.com.br/wp-content/uploads/2018/06/2.jpg)
Assim como qualquer aficionado por futebol, os jogadores que participam dos campeonatos de várzea tem seus times do coração. Porém, esse é um amor que acaba sendo dividido com o time que os boleiros representam nos finais de semana.
Segundo Daniel Silva, a maior motivação desses atletas amadores é “o amor ao clube do seu bairro e a organização dos torneios e copas“. Para os que esperam algo mais, como despertar a atenção de um olheiro, a várzea continua sendo uma fonte de revelação de talentos.
Este ano, dois atletas oriundos da Liga Não Filiados disputaram e foram campeões do Campeonato Mineiro Módulo 2, a segunda divisão do estadual. Na próxima temporada, Churrasco e Wilsinho poderão representar os Tupynambás na elite do futebol de Minas e, quem sabe, atuar contra Cruzeiro e Atlético-MG nos maiores estádios da cidade.
Sábado tem jogo e eu tô lá
![Público acompanha partida de várzea](https://www.hellomoto.com.br/wp-content/uploads/2018/06/5.jpg)
Nesse momento, a Liga Não Filiados está organizando a Copa Libertadores BH/MG, a maior competição de várzea da cidade. Para quem pensa que as competições envolvem apenas atletas masculinos, a edição feminina da Libertadores da várzea irá acontecer logo mais.
Os jogos acontecem sempre aos sábados, em bairros de toda a periferia belo-horizontina. Aos domingos, quem ocupa os campos da várzea são os times das ligas filiadas à Federação Mineira de Futebol.
Se você se interessou em conhecer, assistir ou participar das competições da Liga Não Filiados, mande um e-mail para [email protected]. Também é possível saber mais sobre as competições no facebook da liga.
Enquanto houver atletas amadores e independentes empenhados em manter a várzea viva, o fã de futebol pode dormir tranquilo que as raízes do esporte mais amado do país continuam bem vivas.
Continue acompanhando o Hello Cidades para descobrir o lado mais inspirador do futebol na sua cidade.