Pessoas que já se desconectaram das redes sociais e do mundo virtual contam como passar um tempo offline pode ajudar a melhorar a vida online
Ponto de conexão entre pessoas do mundo todo, as redes sociais são ferramentas que correspondem aos desejos de seus usuários. Capaz de reverberar desde o ato mais trivial até conectar pessoas para decidir o destino de um país, o ambiente das redes também pode levar pessoas a questionarem a necessidade da presença virtual.
Para entender melhor como equalizar a vida online e offline, o Hello Moto conversou com pessoas que decidiram se desconectar. Conheça as experiências de cada uma delas na busca por um equilíbrio maior na relação com seus smartphones.
A um passo do log-out
“Foram alguns motivos. O primeiro deles tem relação com meu trabalho. Sou psicólogo e quando se é psicólogo as pessoas acabam esperando ‘publicações de psicólogo’”.
É dessa forma que Junior Saturnino, 30 anos, introduz sua motivação pessoal para abandonar quase todas as suas conexões online: Snapchat, Instagram, Facebook e Twitter.
Além de procurar uma separação entre vida pessoal e profissional (Junior manteve online apenas seu LinkedIn), ele também passou a questionar a forma como se comportava no mundo externo em função do virtual.
“Quando estava em um show e via todo mundo filmando e às vezes eu também, ficava pensando ‘o que eu estou sentindo aqui?’ Estava mais preocupado com os likes do que com a emoção de estar em um lugar. Isso deixou de fazer sentido pra mim.”
Para Carol Fortes, jornalista de 24 anos, a decisão de fazer um mochilão pelo Brasil casou bem com a ideia de deslogar seu Instagram. Útil à sua viagem, o Facebook foi mantido como ferramenta para conseguir dicas e lugares para ficar.
“Eu gosto do Facebook por causa dos grupos, é bem útil para dicas. Como eu estava viajando de couchsurfing (hospedagem gratuita) e carona, o ‘face’ era muito útil para encontrar pessoas e ajuda.”
Por uma série de questões pessoais, Miyuki Tachibana, modelo e barmaid de 30 anos, foi mais longe: decidiu deixar o smartphone em modo não perturbe por tempo indeterminado.
“Desliguei meu número de celular e me afastei 100% das redes que eu mais gostava: Instagram, Facebook e Snapchat.”
A vida em modo avião
Uma vez que a escolha de sair ou dar um tempo das redes foi tomada, nossos entrevistados contam o que essa mudança de atitude trouxe para suas vidas.
Para Miyuki, ficar offline foi uma experiência de reconexão. “Me afastando da internet eu pude me reconectar comigo mesma e repensar minha vida e o que eu queria dali pra frente.”
Com tempo de sobra após se desconectar, Junior abriu espaço para uma maneira mais construtiva de aproveitar seu dia a dia. “Passei a ler mais, estudar, me conectar mais com as minhas emoções e pensamentos. Fico mais no momento presente. Sem dúvidas minha vida melhorou muito. Se estou em um lugar, eu estou no lugar. Não preciso me preocupar com mais nada.”
“Parei de me sentir tão ansiosa em relação à vida, de verdade! Parece uma coisa tão banal, mas me fez muito bem”, resume de forma simples Carol.
Voltar ou não pro mundo online?
Uma das maiores dificuldades apontadas pelos entrevistados em se estar menos tempo conectado foi o fato de que outras pessoas não aceitam bem a escolha pela vida offline. Há sempre questionamentos e desconfianças sobre quem prefere não se expor.
Por esses e outros motivos, voltar a interagir no mundo virtual é uma questão sempre presente para quem se desconectou.
Para Miyuki, o processo de voltar a ficar online se deu naturalmente. Além de utilizar as redes para divulgar seu trabalho, a modelo usa o smartphone para organizar sua vida e fazer o que mais gosta.
“Eu voltei porque senti que era o momento. Sempre fui muito ligada à internet e sentia falta de ver filmes, séries e comentar sobre! Gosto de me manter próxima de quem gosto e o celular está sempre à mão.“
Carol voltou ao Instagram por motivos práticos. “Me mudei de cidade e achei que seria mais fácil pra conhecer e me relacionar com as pessoas”. Sobre sua rotina com o aparelho, ela destaca o uso de Whatsapp para falar com amigos e o Google Maps para se “achar melhor”. Nas horas vagas dá aquela olhadinha no feed como quase todo mundo.
Sem redes já há algum tempo, Junior Saturnino ainda sonha atingir o nirvana da vida offline. “Tenho um real interesse de ficar sem essas redes também (LinkedIn e WhatsApp). Acho que o LinkedIn será a próxima que irei excluir.”
Para se equilibrar entre real e virtual
“Acho que pode ser um ótimo instrumento para várias coisas desde que a gente não troque isso pelas experiências reais. Às vezes, eu vejo as pessoas na cafeteria em que eu trabalho mexendo no celular o jantar inteiro ao invés de curtir a companhia uma da outra e acho isso muito estranho. Eu nunca pego o celular quando estou na companhia de outras pessoas” – Carol Fortes
“Valorize as pessoas ao seu redor, e não somente as que conhecemos online. Todas têm seu valor, mas acabamos por afastar pessoas mais próximas com a empolgação de conhecer tanta gente diferente e interessante de longe! E que também use o bom senso na hora de filtrar informações e não acredite logo de cara nas “notícias”. Nem tudo é real no mundo online.” – Miyuki Tachibana
“Acho que cabe a avaliação diária disso. Meu único conselho é: abrace mais, ame mais, cuide mais de quem está perto, sinta o cheiro e o gosto da comida. Observe melhor os lugares, as cores. Se permita sentir suas emoções, olhar para seus pensamentos. Tentem viver o que tem perto de você, afinal o que tá longe não vai poder fazer nada disso que falei acima.” – Junior Saturnino
Continue acompanhando o Hello Moto para saber mais sobre como equilibrar o uso do smartphone na sua vida.