Conheça esses espaços e aprenda a plantar em casa
Com o intuito de redescobrir a natureza e engajar a comunidade em uma atividade que movimenta e embeleza o bairro, moradores criaram hortas urbanas em diferentes pontos da capital. Conheça esses espaços e aprenda a plantar em casa
Michelle Obama teve uma ideia. Em parceria com o chef do restaurante da Casa Branca, a ex-primeira-dama dos Estados Unidos foi a responsável pela maior horta de legumes da residência oficial desde o governo Roosevelt, nos anos 1940. Michelle deu início ao cultivo em 2009, com a ajuda de estudantes de um colégio público e do próprio chef, Sam Kass. A plantação serviu como fonte de alimentos orgânicos para a família e funcionários da Casa Branca até o fim do mandato de Barack Obama, em janeiro de 2017. O ato, que tinha como objetivo promover uma alimentação mais saudável, ganhou o noticiário e incentivou muitas comunidades americanas a aderirem ao hábito como uma forma de se fortalecerem durante a crise econômica. Após o exemplo americano, muitos outros países copiaram a ideia em suas grandes cidades. Incluindo o Brasil.
O motivo do sucesso da iniciativa tem a ver com saúde. Hortas urbanas influenciam positivamente os hábitos alimentares dos moradores de seu entorno, principalmente as crianças. Um estudo publicado no Periódico Americano de Medicina Preventiva mostrou um aumento de 17% no consumo de vegetais entre os pequenos e uma diminuição geral no índice de massa corporal em grupos envolvidos com hortas comunitárias. A prática também ajuda a conscientizar a comunidade sobre o meio ambiente.
Há diversas iniciativas de cultivo coletivo espalhadas por São Paulo abertas para a participação de voluntários. Quem tem tempo disponível e vontade de se reconectar com o meio ambiente sem sair do centro expandido da cidade pode se inspirar nas quatro hortas urbanas a seguir.
Horta do Centro Cultural São Paulo
Rua Vergueiro, 1000
Uma das mais famosas dessa modalidade de cultivo em São Paulo, a horta do CCSP tem reuniões para o cultivo todo último domingo do mês. O espaço possui pequenas árvores e diversos tipos de temperos e fica na parte de cima do prédio, em meio a cadeiras e bancos, criando um dos mais agradáveis ambientes para relaxar no Centro da cidade. A página da horta no Facebook traz outras informações para novos colaboradores.
Horta da FMUSP
Avenida Doutor Arnaldo, 455
Esse é um exemplo de cultivo coletivo realizado em um lugar um tanto inusitado: o terraço do prédio da Faculdade de Medicina da USP, próximo ao metrô Clínicas. A horta precisa de voluntários com alguma frequência e faz mutirões todas as quintas-feiras, a partir das 17h. Mais informações podem ser encontradas no grupo do Facebook, onde os mutirões são organizados e as funções, distribuídas.
Horta da Praça do Ciclista
Praça do Ciclista, Avenida Paulista, altura do metrô Consolação
Criada em 2012 e localizada em um dos pontos mais movimentados da cidade, essa horta teve como motivação a união dos ciclistas para a melhoria de um espaço verde na cidade e para a promoção de iniciativas ligadas à redução da poluição do ar. Há um mutirão para manutenção e limpeza da área um domingo por mês e ainda é possível se voluntariar a cuidar do espaço uma vez por semana em horários específicos. Mais informações a respeito do trabalho nessa horta podem ser encontradas em um grupo no Facebook.
Horta do Cambuci
Rua Antônio Tavares, 474/beco
É um exemplo de como as hortas urbanas podem revolucionar o ambiente e fortalecer grupos. O endereço onde hoje está a horta do Cambuci era um beco onde ficava depositado o lixo de algumas residências de ruas próximas. O lugar foi revitalizado e, hoje, produz hortaliças e temperos que podem ser colhidos pelos moradores e voluntários. O espaço tem uma página no Facebook, onde posta a agenda de eventos relacionados à manutenção e a novos plantios.
Plante você mesmo
A onda de cultivo coletivo inspira muita gente a criar sua própria horta dentro de casa. Basta um pouco de esforço e um pequeno espaço. Confira algumas dicas valiosas para começar a plantar.
- Comece com pequenos vasos com plantas que não crescem muito. É fácil encontrar em supermercados alecrim, manjericão e alface. Em floreiras pequenas, dá para ousar um pouco mais e tentar plantar cenoura e beterraba.
- Caso você não tenha pá, regador e ancinho, pode improvisar com utensílios de cozinha que não vai mais usar. Uma colher é uma excelente substituta para uma pá de mão. Uma boa ideia pode ser trocar dicas de improvisos com outros cultivadores. O app Garden Tags é como uma rede social para quem tem jardins e hortas e pode ser muito útil na hora de pedir dicas aos mais experientes nos momentos iniciais.
- À medida que a horta for crescendo, vale a pena pesquisar quais são as melhores opções: se você quiser uma plantação com mais legumes, por exemplo, algumas espécies podem demandar cuidados específicos e diferentes tempos de exposição ao sol. Um aplicativo útil nessa hora é o Plantit, que indica a quantidade de água e luz solar necessária para diversas espécies comuns em pequenas hortas. Se você busca por um aplicativo um pouco mais completo, com calendário de plantio e alarmes específicos para cada planta, tente o Gardenate.
- Não hesite em usar a horta como um espaço para colocar em prática outros hábitos sustentáveis, como a reutilização. Latas de molho de tomate ou garrafas pet podem ser excelentes vasos, por exemplo. Fazer compostagem (método para transformar sobras de alimentos e outros resíduos orgânicos em adubo) pode ser bastante útil para a horta, além de reduzir sua quantidade de lixo.