Skatistas da capital mineira comentam a inclusão da modalidade nas Olimpíadas
Minas Gerais é conhecida pela grande diversidade natural, em meio a serras e muitas florestas, porém totalmente sem praias. Talvez esse seja um dos pontos que faz com que a prática do skate seja uma vocação natural para a capital mineira.
A história do skate começa no final da década de 1960, na Califórnia. Surfistas queriam uma outra opção quando as ondas estivessem mais fracas e resolveram colocar duas rodinhas em suas pranchas. Em 1965, o skate foi considerado um esporte.
Em Belo Horizonte, o skate chegou a partir da década de 1970, quando o primeiro campeonato de Downhill Speed, no ano de 1978, foi realizado. Essa modalidade consiste em descer uma ladeira com o máximo de velocidade possível em um skate mais alongado, conhecido como long. Com o passar do tempo, o skate foi se apropriando cada vez mais da cidade e se tornou um movimento importante da contracultura local.
Uma maneira de se viver
Muito mais que um esporte, o skate também é uma cultura onde música, arte e política se encontram. “Muitas pessoas consideram um estilo de vida, um jeito e um comportamento no meio da sociedade. Isso o torna mais do que um esporte”, afirma Tiago Picomano, skatista amador natural de Belo Horizonte e praticante há 17 anos.

Das pistas para as olimpíadas
Subversiva na sua essência e mantendo a base undergound, a prática do skate acabou atingindo um patamar em que não era mais necessária muita exposição para conquistar novos praticantes.
Até a última olímpiada de 2016 — evento que o Brasil sediou —, esse esporte não se incluía nas competições. Porém, em dezembro de 2017 foi decidido pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) que a Confederação Brasileira de Skate (CBSK) seria a representante da prática no Brasil.
Para muitos profissionais, essa pode ser uma oportunidade ótima para que a sociedade entenda mais sobre o skate. Porém para outros praticantes, essa ideia pode não ser muito benéfica, pois a essência pode ser deixada de lado, se tornando uma modalidade muito engessada e não tão livre.
Para a skatista também amadora Lorena Fernanda, de 23 anos e moradora de Belo Horizonte, essa pode ser uma ótima oportunidade até para outros atletas. “Assim como na nossa vida tudo evolui, com o skate não seria diferente e temos que acompanhar essa evolução. Ao se tornar um esporte olímpico, ele será mais respeitado e visto pela sociedade. Mas nós, skatistas, não podemos deixar a essência morrer, que é encontrar a galera e sair para as sessões na rua”, conta.

Jay Alves, skatista profissional também de Belo Horizonte, acredita que a popularização do esporte fará com que ele seja mais visado. “Todos os esportes merecem reconhecimento e investimento, ainda mais no Brasil, onde temos uma hegemonia e quase monopólio de mídia, patrocínio e investimento apenas no futebol”.

O que isso muda em Belo Horizonte?
Para quem é adepto da prática do skate na cidade, a entrada dele nas próximas olimpíadas não alterou muito a rotina. Porém, a maioria possui esperança de que os investimentos em pistas e picos do mesmo não permaneça apenas no eixo Rio-São Paulo e invada cada vez mais as terras mineiras.
Janaina Renata, 38 anos e skatista amadora há 18, conta que desde o anúncio do esporte como olímpico ainda não houve mudanças significativas na cena de Belo Horizonte, porém o skate continua sempre evoluindo no local. “O skate em BH sempre esteve em movimento. Foram feitas novas pistas, alguns eventos com marcas e tudo isso ajudou o esporte a crescer. Quando comecei a andar não tinha quase nada”.

A tecnologia nas manobras
Além de possuir multi pluralidades na forma como se vive o skate, a tecnologia é um fator determinante para espalhar tudo o que acontece de novo no meio. “A tecnologia está ligada diretamente com o skate, pois as maiores referências que nós temos no esporte foi através de vídeos que eram postados. A partir daí formaram-se ídolos e pessoas que dão opinião no skate. Hoje isso tem mais evidência porque as redes sociais estão aí e muita gente que não tinha espaço está sendo conhecida por causa disso. Então o skate e a tecnologia meio que andam juntos”, afirma Picomano.
Onde encontrar os melhores picos em BH
O que não falta na capital mineira é pico pra se andar de skate. A Janaína citou uns que ela costuma ir: “Tem a Praça da Assembleia, a Pista do Barreiro, o Point, o Viaduto Santa Teresa, a Lagoa do Nado, e de eventos rola o Game família de rua e o campeonato BH Skate Invasion”.
Para saber tudo o que acontece em BH sobre skate e outros assuntos fique ligado no Hello Moto e acompanhe as hashtags #hellocidades e #hellobh para não perder nenhum detalhe. Afinal de contas, 2020 está bem perto e vamos ver o pessoal da capital mineira brilhando muito nas pistas de Tóquio.