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Mulheres nas Alturas


Escrito por Motorola

Unindo tecnologia e coragem, mulheres se organizam online para escalar os maiores picos do Rio

As paisagens do Rio de Janeiro são mesmo impressionantes. Para onde se olha, há sempre uma rocha monumental, uma montanha emergindo das águas do mar ou brotando na mata atlântica. Se a maioria das pessoas se contenta em admirar esse belo visual à distância, um grupo cada vez maior de mulheres tem se reunido para curtir a vista. Só que do alto das montanhas.

Além de superar o desafio físico e mental da escalada, as praticantes precisam deixar para trás muito mais do que os metros que as separam do chão no esporte. É preciso derrubar a velha ideia de que certas atividades não são para mulheres.

Mulheres nas montanhas: uma história de altos e baixos

Escaladora Samanta Chu na via Fissura do Inglês, Parque da Chacrinha- Foto de Adriana Mello

A escalada feminina no Rio de Janeiro começou por volta de 1950, com poucas adeptas e grande desconfiança por parte dos praticantes do sexo masculino. Ainda prevalecia a ideia de que as mulheres não tinham força suficiente para o esporte. Conceito que foi caindo a cada novo pico conquistado.

Reunindo entrevistas de escaladoras de todas as idades, o site Mulheres na Montanha traz um pouco dessa história contada por aquelas que ajudaram a escrevê-la. Lá é possível conhecer personagens importantes para o desenvolvimento do esporte, como a Sra. Cyonira Hollup, entusiasta do Centro Excursionista Carioca, tradicional clube de escaladas da cidade, e dona de uma biografia que se confunde com a história da escalada feminina.

Ainda é possível encontrar o relato de mulheres que começaram a escalar aos 60 anos, ou aos 11, que venceram o medo de altura e se tornaram guias e instrutoras. Cada exemplo fala por si.   

Orgulho e preconceito

Escalada no Morro da Babilônia, Urca – foto de Silvia Bahadiam

Enquanto a conquista de novas montanhas é motivo de alegria e orgulho das escaladoras do Rio, procuramos saber se o preconceito ainda persiste no esporte. Com a palavra, Cintia Daflon, escaladora e sócia da Cia. da Escalada:  

“Bem menos do que quando comecei, há 25 anos atrás, quando todo mundo parava pra assistir duas garotas escalando uma parede, achando aquilo impressionante (risos). Hoje não percebo isso muito não, talvez de forma velada quando alguns rapazes insistem em encadenar (subir sem a ajuda de equipamentos) uma via só porque uma mulher já o fez, então ele tem que fazer também (risos), mas é raro. Hoje em dia, sinto que os guris incentivam bastante as garotas.”

Tecnologia para chegar mais longe

Como acontece em outros esportes radicais, a tecnologia é uma grande parceira da mulher que escala. Hoje, vários recursos do smartphone ajudam as esportistas a alcançarem seus objetivos. Seja conectando as escaladoras em grupos, apps com tutoriais, com informações sobre as áreas de escalada, trilhas e até de treinamento físico específico para o esporte. Também é possível baixar croquis (guias de escalada) para acessar facilmente no celular, pedir ajuda quando necessário e, claro, fazer fotos de ângulos incríveis.

Da organização online à invasão da montanha

Para facilitar o acesso a informações sobre a escalada, cursos e eventos sobre o assunto, foi criado um grupo online voltado às mulheres que já escalam e àquelas que desejam se iniciar na prática.

O ponto alto do grupo se dá uma vez por ano, quando elas escolhem uma montanha do Rio para “invadir”. O evento, que acontece em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, têm sido um sucesso, como nos conta uma de suas organizadoras, a escaladora Adriana Mello:

Começamos como uma brincadeira em 2005 com 9 mulheres participando, nos últimos anos temos registrado de 200 a 300 participantes no evento e um crescente número de mulheres iniciando nos cursos básicos de escalada.”

Cintia Daflon faz coro com a colega:

Qualquer evento que envolva mulheres sempre vai captar mais adeptas, porque mostra na prática que elas podem, que não é algo só para homens e que não precisa deixar de ser feminina para praticar qualquer esporte, mesmo os radicais.

Invasão Mulheres na Montanha, Dia internacional da Mulher, 2015 – Foto de André Moreira

Dos primeiros passos ao futuro da modalidade

Uma das coisas mais importantes para as mulheres que querem se iniciar na escalada é fazer um curso básico de escalada tradicional. Adriana Mello dá a dica:

O Rio de Janeiro é a única cidade que tem uma associação de Guias Certificados (AGUIPERJ). Caso resolva fazer um curso básico de escalada, ela poderá recorrer aos cursos que são ministrados pelos guias com toda segurança.

O site da FEMERJ (Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro) reúne os clubes e associações que oferecem opções de cursos para começar a escalar.

Sobre o futuro do esporte, a escaladora Cintia Daflon pondera:

“Acredito que o montanhismo cresceu bastante no Brasil, mas é muito rotativo, muita gente começa e muita gente para. Mas é um esporte bem inclusivo, pois qualquer um pode praticar. Já vi até escaladores sem um braço ou com perna mecânica escalando, e se pode escalar desde muito pequeno até idade avançada, basta escolher o nível de dificuldade.”

E se você se empolgou com a possibilidade de desbravar as montanhas do Rio, a Adriana Mello te dá mais alguns motivos:

“Desfrutar de horas nas mais belas paisagens, conhecer a cidade por outro ângulo, fazer amigos que gostem do mesmo esporte e tenham as mesmas afinidades. Não tem nada melhor que subir algumas das montanhas e ficar horas e horas lá em cima, apreciando a cidade.”

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