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Rio de Janeiro: capital mundial das harpas


Escrito por Motorola

A cidade maravilhosa é ponto de encontro de harpistas do mundo inteiro

O Rio de Janeiro é conhecido como o reduto de samba do país. Mas o que muita gente não sabe é que a cidade maravilhosa também tem uma grande vocação para a música erudita, especialmente para a harpa.

Esse reconhecimento vem graças ao Rio Harp Festival, evento que inseriu o Brasil no circuito mundial da harpa e que, neste mês de maio, caminha para a sua 13ª edição. “Trata-se da continuidade de um evento vitorioso, sucesso de crítica e público, uma derivação do projeto Música no Museu, que oferece uma série de concertos diários e gratuitos”, conta Sergio da Costa e Silva, realizador e diretor do festival.

A harpa em toda a sua variedade

Esta edição do Rio Harp Festival contará com a presença de 21 países, com destaque para a participação expressiva de harpistas latino-americanos. Vanja Ferreira, harpista carioca consagrada e uma das idealizadoras do evento, acredita que esse movimento é interessante para que o público conheça todas as variações do instrumento.

“Quando eu era menina, as pessoas só davam destaque para a harpa da orquestra e menosprezavam, por exemplo, a harpa paraguaia, que tem um virtuosismo absurdo. Logo na primeira edição do festival, defendi que teríamos que mostrar todos os tipos de harpas que temos no mundo, e com o tempo trouxemos a harpa africana, a japonesa…Este ano, mais uma vez, vamos ter a presença da harpa tripla, a barroca. Acho que o festival cumpre essa proposta de trazer cultura para a população”, explica.

A harpista Vanja Ferreira, que se dedica ao instrumento desde os 6 anos
A harpista Vanja Ferreira, que se dedica ao instrumento desde os 6 anos

Vanja fará duas apresentações no evento: um recital solo e um recital em trio com flauta e violoncelo. Durante os preparativos, ela conta que gosta de deixar espaço para o calor da emoção de quando vai chegando mais perto do concerto. “Nós tocamos para o público, né? Não há reconhecimento melhor do que ver as pessoas sorrindo, emocionadas, te agradecendo. A expectativa é a melhor possível”.

Como boa parte dos iniciantes na música erudita, ela se dedicava ao piano na infância, até que foi apresentada à harpa e se apaixonou. “No dia em que me levaram para ver um concerto de harpas, quando eu tinha 6 anos, eu fiquei muito impressionada, achei que era um instrumento mágico, tive a sensação que o tempo parou. Depois disso não queria mais saber do piano”.

A movimentação nas universidades

As universidades cariocas contribuem bastante para fomentar a cena das harpas na cidade. Gabriel Vieira, jovem harpista de Jaraguá do Sul, Santa Catarina, começou a tocar o instrumento aos 13 anos por meio de um projeto social em teatro de sua cidade. Depois participou do festival de Música de Santa Catarina (FEMUSC) e, aos 17, ingressou na Universidade Federal do Rio de Janeiro para iniciar um Bacharelado em Música – Harpa.

A formação abriu as portas para que ele fosse membro da Orquestra Sinfônica da UFRJ, onde foi um dos ganhadores do concurso para solistas na temporada de 2017. Nesse tempo, Gabriel se apresentou como convidado na Orquestra Petrobrás Sinfônica e na Orquestra Sinfônica Brasileira, além de tocar também fora do Brasil. “Em agosto do ano passado fui para a Alemanha participar de um curso a convite de uma professora bem importante no meio, Helga Storck, e me apresentei em alguns lugares lá, como no Museu Nacional da Baviera, em Munique”, conta o harpista, que está prestes a viajar para a Suíça, onde fará audições no Conservatório Superior das Artes de Zurique.

Democratização

Apesar da crescente popularização da música erudita no Brasil, graças a concertos regulares gratuitos ou a preços muito baixos, boa parte da população permanece sem acesso a essa expressão artística. Para Gabriel, isso é fruto de um tabu e também da condição de pobreza do país. “Uma grande parcela da população ainda tem que se preocupar com questões como violência extrema e fome. Por outro lado, muitos que teriam condições de frequentar uma sala de concerto, ou até mesmo conhecer através da internet, simplesmente não são educados a apreciar a música erudita, achando ‘tudo igual’ e entediante, por pura falta de informação”, pontua.

Gabriel Vieira em ação

Segundo Sergio da Costa e Silva, o Rio Harp Festival tem contribuído para despertar o interesse do público por concertos. “Temos acompanhado a evolução e renovação de público desde o início do projeto Música no Museu, isso porque levamos alunos de escolas para assistirem aos concertos e os motivamos a visitar as exposições, acervos e as próprias instalações dos museus, centros culturais e palácios. Ao concentrar o mês de maio às harpas, ampliamos horizontes”.

Vanja Ferreira aposta na revitalização através das periferias. “Tenho visto mais e mais projetos ligados à música erudita com crianças em comunidades. Eu toco bastante nas cidades periféricas que ficam em volta da capital, como Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São Gonçalo e Maricá, cidades que costumam dizer que as pessoas só gostam de samba. Isso não é verdade. Você chega para fazer um concerto de harpas e as pessoas ficam encantadas porque você foi até elas”. E completa: “Talvez o Rio de Janeiro seja uma coisa à parte, não posso falar pelos outros estados, mas aqui posso te garantir que a música erudita continua vivíssima!”.

O XIII Rio Harp Festival acontece de 1 de maio a 3 de junho em diversos cartões-postais, como o Corcovado, a Ilha Fiscal, o Forte de Copacabana e o Jockey Club Brasileiro. Clique aqui para ver a programação completa.

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