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À caça de novidades


Escrito por Motorola

Descubra o que fazem os coolhunters nessa entrevista com Sabina Deweik.

Tudo o que a gente usa, consome e vê por aí, desde o tecido do sapato até o corte de cabelo, passando pela maneira de servir nos restaurantes e as intervenções artísticas nas ruas, cruzou nosso caminho por algum motivo. Se algo é considerado tendência ou inovação, certamente não foi à toa, e passou por um processo elaborado, envolvendo muitas pessoas, até chegar às nossas mãos. Por trás de tudo isso estão os profissionais chamados de coolhunters ou caçadores de tendências, em bom português.

Em meio a um processo de muita pesquisa, observação social e análise comportamental, são eles que definem o que vai acontecer no futuro em termos de consumo, moda e hábitos das pessoas como um todo. Para que essas previsões aconteçam, os pesquisadores precisam estar atentos não só ao presente, mas também ao passado, para entender os comportamentos que se repetem e por que isso acontece. É isso o que faz Sabina Deweik, uma das pioneiras do coolhunting no Brasil.

Foto: Tommy Ton

Formada em Jornalismo, Sabina trabalhou durante alguns anos no Caderno de Cultura do Estadão, até sair de lá para investir em seu próprio negócio, uma agência de conteúdo. Mesmo já tendo um olhar superatento para novidades e espírito empreendedor, foi só em Milão que ela descobriu que poderia unir essas duas coisas e fazer disso uma profissão. Tudo graças ao Future Concept Lab, um instituto de pesquisa de tendências de consumo, onde ela conheceu Francesco Morace, um dos criadores do projeto. De volta ao Brasil, em 1999, ela trouxe ao País o que aprendeu com Francesco e seu instituto, introduzindo uma metodologia completamente nova por aqui.

Para entender um pouco melhor o dia a dia dos caçadores de tendências – que de rotina não tem nada –, encontramos Sabina na Vila Madalena, em São Paulo, onde ela nos contou sobre a influência da internet nas tendências, a posição do Brasil nesse mercado, e ainda deu algumas dicas para quem quer seguir essa carreira, considerada uma das profissões do futuro.

Logo de cara, ela explica que o coolhunting vai muito além de um trabalho tradicional num escritório de segunda a sexta: “É um estilo de vida. Um coolhunter atua o tempo inteiro.” E é assim que Sabina vive. Atenta a tudo o que acontece ao seu redor, ela não sai sem seu smartphone e um bloquinho de anotações para não perder nada do que lhe desperte a atenção.

Em um trabalho como esse tudo é inspiração. A rua, as pessoas, as vitrines, os cardápios… Justamente por isso, a pesquisa de campo é tão essencial – mesmo em uma era digital como essa em que vivemos. “A internet e as redes sociais ajudam muito o trabalho de um pesquisador. O que acontece é que muitos começaram a substituir a pesquisa de campo (ruas, cidades) pela pesquisa digital. E a gente não pode trocar uma coisa pela outra. No campo consigo me surpreender, posso ampliar minhas hipóteses, ir para outro caminho… É o campo que vai dar a baliza do que está acontecendo”, conta.

Instituto Tomie Ohtake | Foto: Lilian Miliauskas

Mas, ao passo em que a vida offline continua essencial para o trabalho, o mundo digital (em especial, as redes sociais) tem ajudado a formar novas tendências de comportamento. Para as novas gerações, que já nasceram nesse universo online, as vontades vão e vêm em uma velocidade muito maior – reflexo disso é o Snapchat, rede social queridinha dos adolescentes, em que as fotos e os vídeos publicados desaparecem depois de 24 horas.

“No Instagram é tudo muito lindo, é a estética do bonito. O Snapchat é interessante porque ele trouxe uma tendência que eu chamo de ‘pretty ugly’, o feio bonito, que tem vários filtros que deixam você deformada – nem sempre são lindos. Tanto o Instagram quanto o Snapchat estão criando um tipo de comportamento que não existia antes. O Snapchat justamente capta a efemeridade dessa nova geração, que não tem paciência para grandes processos, que quer crescer rápido”, explica Sabina.

Toda essa análise social é especialmente importante para as marcas que querem se destacar no mercado, seja para inovar ou para atingir as grandes massas. Em ambos os casos, entender as tendências e as vontades das pessoas faz toda a diferença na hora de desenvolver produtos de sucesso. A própria Moto é exemplo disso, dedicando um departamento para fazer essa pesquisa de tendências e hábitos dos usuários, o CXD (Centro de Experiência & Design de Produtos).

Ainda sobre a importância do trabalho para as empresas, a pesquisadora aproveita para destacar outro ponto importante: “As grandes marcas vêm se influenciando por comportamentos que vêm de baixo, da favela, do grafite, do funk, e tem essa mistura de raças que é muito interessante.” Isso significa que as tendências não são mais ditadas por um único lado, não vêm só da Europa, ou só da elite para depois chegar às classes mais baixas. Muito graças à democratização do acesso à informação que veio com a internet, um número bem maior de pessoas passa a participar ativamente da criação de novidades, em vez de apenas consumi-las. Para Sabina, o processo “não é mais uma ditadura”. Ainda bem!

Esse desejo de fazer parte do processo criativo também tem levado algumas marcas a apostar na customização dos seus produtos pelos consumidores. Seja comprar um tênis ou um óculos de sol em branco e receber canetinhas para colori-los em casa (como já fizeram a Adidas e a Ray-Ban, por exemplo) ou ter a possibilidade de escolher as cores e os acabamentos, como no Moto Maker, o estúdio de design online da Motorola. O importante é ter algo exclusivo, que traduza seu estilo de alguma forma. Para quem, como Sabina, vive em busca do novo, não há nada melhor do que a criatividade para inspirar o futuro.

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